• 08/03/2018
  • Por Paula Jacob | Fotos Divulgação
Atualizado em

Segundo os dados levantados pelo Center for the Study of Women in Television & Film, em 2016 apenas 8% dos 250 filmes de maior destaque foram dirigidos por mulheres, e não é por falta de opção. Todo ano, nos Estados Unidos, 50% dos alunos formados em cinema são mulheres, mas apenas 1,9% delas tem a chance de dirigir um filme com grande orçamento. Como Frances McDormand falou em seu discurso no Oscar, “à todos que têm interesse em trabalhar com as mulheres talentosas, nos chamem para uma reunião”. Portanto, mão de obra qualificada não falta para os cargos por trás das câmeras. Por isso, no Dia Internacional da Mulher, A Arte do Cinema selecionou 10 nomes de diretoras mulheres que você precisa conhecer o trabalho já. Confira a lista completa:

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Sofia Coppola (Estados Unidos)

6 curiosidades sobre ‘O Estranho que Nós Amamos’, de Sofia Coppola (Foto: Reprodução)

Talvez a grande questão desta cineasta tão brilhante seja o sobrenome, impossível de não associar ao pai, Francis Ford Coppola. Contudo, mesmo com essa herança tão rica de signos e significantes, Sofia conseguiu criar uma atmosfera única com suas narrativas sensíveis, instigantes e de cunho social, fugindo totalmente da estética criada pelo pai. Sua emancipação é digna e sincera. Hoje, com sete filmes em seu currículo, sendo o último, O Estranho que Nós Amamos, que lhe rendeu a Palma de Ouro em Cannes, Sofia conseguiu firmar sua proposta visual, sem cair nas obviedades propostas pela indústria de grande massa.

Maria Antonieta, de Sofia Coppola (Foto: Divulgação)

Maria Antonieta, de Sofia Coppola (Foto: Divulgação)

Vista como uma diretora indie, ela costuma retratar o lado que ninguém fala da fama, da família, dos amigos ou da sociedade como um todo. Em Encontros & Desencontros (2003), vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original, por exemplo, existe todo um questionamento em torno da civilização globalizada, empasses de relacionamentos e falta de conhecimento de outras culturas. Tudo envolto com sua fotografia lavada, tons pastel e trilha sonora impecável.

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Anna Muylaert (Brasil)

PARK CITY, UT - JANUARY 26:  filmmaker Anna Muylaert of "The Second Mother" poses for a portrait at the Village at the Lift Presented by McDonald's McCafe during the 2015 Sundance Film Festival on January 26, 2015 in Park City, Utah.  (Photo by Larry Busa (Foto: Getty Images)

Destaque no cinema nacional, Anna é diretora e roteirista, responsável pelos filmes Que Horas Ela Volta? (2015), Mãe Só Há Uma (2016) e É Proibido Fumar (2009). Suas criações também apresentam uma abordagem de cunho social, porém sem interpretações estrangeiras, e sim levando em consideração as questões no Brasil.

Mulheres no cinema: 10 diretoras e suas obras icônicas (Foto: Divulgação)

Cena de "Que Horas Ela Volta?" (Foto: Divulgação)

Ganhou prêmios no Festival de Sundance e no Festival de Berlim, com o comentado Que Horas Ela Volta?, e foi destaque também em Berlim com Mãe Só Há Uma. Suas últimas obras refletem temas polêmicos para a sociedade brasileira, que na maioria das vezes, infelizmente, ainda se mostra preconceituosa com as minorias. Seu próximo projeto será um documentário sobre o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, gravado com exclusividade dentro do Palácio do Planalto durante os 180 dias de afastamento.

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Dee Rees (Estados Unidos)

Mulheres no cinema: 10 diretoras e suas obras icônicas (Foto: Divulgação)

Apesar de ter ganhado bastante notoriedade só este ano, com o longa-metragem Mudbound, produzido pela Netflix, Dee vem fazendo um trabalho incrível sobre negros nos Estados Unidos desde 2005. Inclusive, para o seu último filme, convocou apenas mulheres para trabalhar na equipe, e a diretora de fotografia Rachel Morrison foi a primeira mulher da história a ser nomeada ao Oscar na categoria.

Oscar 2018: os destaques da direção de fotografia (Foto: Divulgação)

Cena de 'Mudbound' (Foto: Divulgação)

Em 2007, ela fez sua estreia no Festival de Sundance com o comentado Pariah, com roteiro original sobre uma jovem negra que busca sua identidade dentro de uma sociedade preconceituosa. Este ano, ela está a frente de dois programas de TV norte-americanos, When We Rise e Philip K. Dick's Electric Dreams.

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Agnès Varda (França)

Mulheres no cinema: 10 diretoras e suas obras icônicas (Foto: Divulgação)

Membro feminino de grande destaque durante a Nouvelle Vague, Agnès é um ícone do cinema francês. Ao lado de Truffaut e Godard, ela revolucionou a forma cinematográfica, criando a estética pela qual a França é conhecida na sétima arte. Com apenas 25 anos, estreou com o filme La Pointe Courte e depois disso somam-se mais de 45 filmes no currículo.

Agnès Varda and Jane Birkin in Jane B. par Agnès V.© Cinelicious Pics (Foto: Divulgação)

Agnès Varda e Jane Birkin em 'Jane B. par Agnès V.' © Cinelicious Pics (Foto: Divulgação)

Este ano, se tornou foco do documentário Visages, Villages, no qual co-dirigiu ao lado do artista visual francês JR. Ambos percorrem o país de origem pautados pela paixão mútua da imagem. O filme venceu três prêmios internacionais, incluindo do Spirit Awards, e ainda concorreu ao Oscar de melhor documentário.

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Jane Campion (Nova Zelândia)

Mulheres no cinema: 10 diretoras e suas obras icônicas (Foto: Divulgação)

É de autoria da neozelandesa sete filmes, quatro curta-metragens e dois programas de TV regionais. Sua grande estreia foi com Sweetie, em 1989, drama independente sobre a vida de uma adolescente temperamental e sua família. A estética kitsch e grotesca, com diálogos interessantes rendeu destaque em Cannes no mesmo ano da estreia do longa.

Mulheres no cinema: 10 diretoras e suas obras icônicas (Foto: Divulgação)

Cena de "O Piano" (Foto: Divulgação)

Outra criação de destaque é O Piano (1993), vencedor da Palma de Ouro em Cannes e do César, por Melhor Filme Estrangeiro, em 1994. O longa também rendeu às atrizes Holly Hunter e Anna Paquin Oscar, BAFTA e Globo de Ouro nas categorias de Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante, respectivamente, além de Melhor Roteiro Original, no Oscar de 1994. A história gira em torno de Ada McGrath (Holly Hunter), uma jovem muda, e sua filha Flora (Anna Paquin), após a ida de ambas para a Nova Zelândia recém-colonizada. Delicado, sutil e profundo, o drama fala sobre amor, respeito e desconstrução social.

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Mira Nair (Índia)

Mulheres no cinema: 10 diretoras e suas obras icônicas (Foto: Divulgação)

A indiana radicada nos Estados Unidos começou sua carreira no cinema como atriz mirim, mas trocou os holofotes por produções documentais, como os premiados So Far From India (1983) e Cabaret India (1985). Sua estreia na categoria de ficção, com roteiros originais, foi em 1988, com Salaam Bombay!, vencedor de 25 prêmios internacionais.

Mulheres no cinema: 10 diretoras e suas obras icônicas (Foto: Divulgação)

Sua narrativa gira em torno de causas sociais indianas, assim como os preconceitos inter-raciais existentes na sociedade contemporânea. Os roteiros escritos por ela quebram as barreiras físicas e emocionais entre os países, colocando em pauta as minorias e suas reivindicações.

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Safi Faye (Senegal)

Mulheres no cinema: 10 diretoras e suas obras icônicas (Foto: Divulgação)

Hoje com 74 anos, Safi ainda representa uma emancipação da figura feminina na história do cinema africano, tomado por homens durante a história. O primeiro trabalho que ela dirigiu e atuou foi em 1972, um curta-metragem sobre suas experiências como estrangeira em Paris. Mais tarde, em 1975, ela recebeu apoio financeiro do Ministério Francês para o seu primeiro longa-metragem, Kaddu Beykat - esta havia sido a primeira vez que uma mulher subsaariana havia feito um filme produzido e distribuído internacionalmente.

Mulheres no cinema: 10 diretoras e suas obras icônicas (Foto: Divulgação)

Depois de receber o FIPRESCI Prize e o OCIC Award, ela dedicou sua carreira ao documentário, revelando as necessidades e prazeres da vida na África, com foco, principalmente, nas mulheres. Apesar de ter feito história, ela é pouco conhecida entre os africanos, já que teve algumas obras banidas dos cinemas no continente, porém é reverenciada na França.

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Lucrecia Martel (Argentina)

Mulheres no cinema: 10 diretoras e suas obras icônicas (Foto: Divulgação)

Apesar de o cinema argentino ter o quê despretensioso do francês com o toque único latino, ele não é dos melhores no quesito representatividade feminina. Contudo, Lucrecia conseguiu marcar presença. Com sete filmes no currículo, ela começou gravando curtas com a própria família até decidir cursar cinema na Escola Nacional de Cinematografia, em Buenos Aires. Ela foi reverenciada em Cannes, em 2004, com La Ninã Santa, e segue fazendo trabalhos com jovens argentinos da região de Salta, que sonham em seguir os passos da cineasta.

Mulheres no cinema: 10 diretoras e suas obras icônicas (Foto: Divulgação)

Cena de "Lola Duñas" (Foto: Divulgação)


Alice Guy Blaché (França)

Mulheres no cinema: 10 diretoras e suas obras icônicas (Foto: Divulgação)

Mulher pioneira do cinema e roteiro francês, falecida em 1968 com 94 anos, Alice é a figura mais importante para a mulher no cinema. Lutou pela presença e igualdade de gênero por meio do seu talento em retratar narrativas originais. Além de utilizar o cronofone de Gaumont (painel de controle) para sincronizar todas as captações durante as gravações dos filmes (som, imagem, etc.), ela inaugurou um estúdio de cinema, utilizado principalmente por Alfred Hitchcock e Barbra Streisand. Ao longo dos 20 anos de carreira no cinema, ela realizou mais de mil filmes(!).

Kathryn Bigelow (Estados Unidos)

Mulheres no cinema: 10 diretoras e suas obras icônicas (Foto: Divulgação)

Primeira e única mulher a vencer o Oscar na categoria de Melhor Direção, com o longa Guerra Ao Terror, Kathryn é conhecida por tratar de assuntos militares e personagens intrigantes. É também de sua autoria A Hora Mais Escura, filme baseado em fatos reais sobre a busca e assassinato de Osama Bin Laden. Em 2017, lançou o filme Detroit, no qual dirigiu e produziu. O roteiro fala sobre os conflitos raciais durante cinco dias consecutivos de 1967, em Detroit, nos Estados Unidos. O conhecido Detroit Riot completou 50 anos no ano passado, justificando a estreia do décimo longa de Kathryn. Apesar de sua divulgação discreta e pouco comentada, o filme segue a linha das explosões e guerras que ela costuma retratar.