Segredos e flagras

A Neta, nova fabricante chinesa que chega ao Brasil, vai lançar de uma só vez três carros elétricos, sendo um na faixa de R$ 150 mil a R$ 200 mil, para brigar como BYD Dolphin. Com previsão de inaugurar sua própria fábrica no país até 2026, Autoesporte apurou que a empresa também quer transformar seu motor 1.5 aspirado a gasolina em flex para equipar seus modelos nacionais.

A diferença é que os veículos da Neta não são híbridos. São os chamados elétricos de autonomia estendida (EREV), nos quais o motor a combustão atua apenas como gerador caso a energia das baterias acabe, a fim de aumentar a autonomia. A tração das rodas é sempre feita pelos motores elétricos.

A Neta estuda comprar a fábrica da Toyota em Indaiatuba (SP), que vai encerrar suas atividades depois de quase 30 anos e migrar a produção Corolla para Sorocaba, também no interior paulista. O movimento faz parte de investimentos de R$ 11 bilhões no país. Para ler os detalhes sobre a futura fábrica, clique aqui.

Neste movimento de nacionalizar os seus produtos, um dos objetivos da empresa é adaptar este motor 1.5 gerador para flex, e equipar os carros no mercado brasileiro e até em outros da América do Sul. Porém, isso não deve acontecer nessa primeira investida da marca no Brasil, até porque os três primeiros lançamentos serão elétricos apenas a bateria (BEV).

"Tem previsão de lançar carro com [motor de extensão de autonomia] a etanol no Brasil, sim. É um projeto que é levado em consideração porque ainda existe nosso motor 1.5 aspirado e queremos adaptá-lo para o etanol no mercado brasileiro. O Brasil é um país muito grande e ter essa opção é bom porque dá para ir mais longe e o etanol polui menos", afirma Wilson Sun, presidente da Neta Auto e vice-presidente executivo do departamento de negócios internacionais, à Autoesporte.

Por enquanto, o SUV L é o único modelo da Neta com autonomia estendida. O sistema combina o propulsor 1.5 aspirado de quatro cilindros — com tanque de 50 litros — a um conjunto motores elétricos de 231 cv de potência e baterias de 30,6 kWh. Juntos, rendem autonomia de até 1.200 km.

Ou seja, é uma tecnologia muito diferente dos híbridos que estamos acostumados. Henrique Sampaio, diretor de Produto e Marketing da Neta, explica melhor como funciona esse sistema.

"É um carro elétrico que tem motor a combustão que gera energia para a bateria. Na verdade é um gerador. Este motor não está conectado nas rodas do carro por uma transmissão. Ele não dá tração, serve apenas para carregar a bateria. Quando a capacidade da bateria chega a 20%, por exemplo, o motor a combustão começa a trabalhar com mais frequência para recarregá-la", afirma Sampaio.

Para transformar esse motor em flex, a Neta precisará adaptá-lo ao Brasil. "Esse motor pode vir desmontado da China e ser montado aqui. É importante dizer que ele precisa ser 'tropicalizado' para poder ter gasolina e etanol. Há ainda a possibilidade de abastecer outros mercados da América do Sul com essa tecnologia", completa o diretor de Marketing e Produto.

Os executivos da marca chinesa ressaltam que a possível fábrica do Brasil será muito importante para a estratégia da empresa, justamente porque os carros produzidos aqui serão vendidos em vários países da América do Sul.

Os três lançamentos da marca no Brasil

NETA GT é esportivo da marca chinesa com até 462 cv de potência  — Foto: Divulgação
NETA GT é esportivo da marca chinesa com até 462 cv de potência — Foto: Divulgação

Ao todo, são sete veículos no portfólio da Neta atualmente. O esportivo Neta GT será um dos três primeiros lançamentos — o modelo já registrado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) no ano passado e apareceu durante a apresentação da marca no Brasil.

O cupê de quatro lugares, rival Tesla Model 3 no mercado chinês, tem baterias de 64 kWh e 74 kWh de capacidade, entregando entre 550 km e 650 km de autonomia no ciclo chinês WLTC. Pelo Inmetro, esses números serão mais baixos. A potência varia entre 231 cv e 462 cv, de acordo com a versão.

Outro modelo que está no radar para o Brasil é Neta L, SUV de porte médio com 4,77 metros de comprimento e 2,81 m de entre-eixos. Esse traz justamente o sistema elétrico de autonomia estendida mencionado e deve chegar mais adiante. Por outro lado, há uma versão puramente BEV de 68,1 kWh, capaz de rodar 460 km a cada recarga no ciclo chinês WLTC. Essa está entre as cotadas para chegar ainda em 2024.

O terceiro mais cotado é o modelo mencionado no início da nota: o Aya, um SUV compacto. Este é o modelo de entrada da marca e deve custar no máximo R$ 200 mil para brigar o Dolphin. Sua opção mais básica tem 54 cv e 11,2 kgfm, já a autonomia é de 318 km (CLTC). Na opção topo de linha os números vão para 95 cv, 15,3 kgfm e 401 km. As respectivas baterias são de 35 e 55 kWh.

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