• Texto Rosana Ferreira Repórter de imagem Gabriel Valdivieso
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O fundo branco predomina na sala de estar, onde obras multicoloridas pontuam o ambiente com brasilidade. É o caso da tapeçaria do artista Kennedy Bahia, na parede, e da coleção de aves de porcelana das décadas de 1940 e 1960, sobre a mesa de centro da ext (Foto: Marcelo Magnani )

O fundo branco predomina na sala de estar, onde obras multicoloridas pontuam o ambiente com brasilidade. É o caso da tapeçaria do artista Kennedy Bahia, na parede, e da coleção de aves de porcelana das décadas de 1940 e 1960, sobre a mesa de centro da extinta Teto. A garça austríaca é datada do começo do século passado, garimpada em antiquário, e os tucanos são do Liceu de Artes de Ofício, da loja Teo. Sofá restaurado e assinado por Pierre Paulin. Poltrona de Zanine Caldas com colar de contas do Depósito Kariri (Foto: Marcelo Magnani )

O administrador de empresas Carlos Rodolfo Barbosa sempre teve o desejo de morar em um edifício projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Quando encontrou este apartamento dúplex, de 130 m², no edifício Eiffel, não teve dúvida: fechou negócio na hora e trocou a sofisticação dos Jardins pelo charme retrô do centro de São Paulo.

Projetado por Niemeyer em 1953, ele conta um pouco da história da arquitetura modernista que o consagrou: formas retas, fachada de vidros, esquadrias de ferro e cobogós – elementos vazados de concreto –, além da vista para o verde da Praça da República. A incumbência de adaptar o imóvel à vida contemporânea ficou a cargo do designer Adonis Galvão

"O apartamento já havia passado por uma reforma e estava um pouco descaracterizado. A solução foi resgatar a estética externa do prédio e usá-la no interior”, conta Adonis. Os cobogós, por exemplo, entraram literalmente na cozinha coma abertura de uma parede para dar lugar a uma cortina de vidro. Assim, o elemento original da fachada foi aproveitado esteticamente, além de proporcionar luze ventilação naturais.

Esse recurso visual ainda foi reproduzido em outros pontos do local e, combinado com o piso de granilite, um material típico da época em que o prédio foi erguido, mantém vivo o espírito modernista.

Pé-direito alto e amplas janelas de vidro favorecem a vista do estar voltada para a Praça da República – um dos itens que encantaram o proprietário do apê. Cadeiras assinadas por Joaquim Tenreiro com almofadas do Empório Beraldin compõem o espaço com gran (Foto: Marcelo Magnani)

Pé-direito alto e amplas janelas de vidro favorecem a vista do estar voltada para a Praça da República – um dos itens que encantaram o proprietário do apê. Cadeiras assinadas por Joaquim Tenreiro com almofadas do Empório Beraldin compõem o espaço com grandes vasos de alocásia amazônica. O piso de granilite se espalha por todos os ambientes.Móveis garimpados em antiquários personalizam a decoração, como o bufê dos anos 1960, comprado no Rio de Janeiro. Nele está a coleção de garrafas coloridas de Murano da mesma época, adquirida sem viagens. Compostas com a tapeçaria de Kennedy Bahia, dão alegria ao estar. Nas duas pontas do móvel, luminárias Eclisse, de Vico Magistretti  (Foto: Marcelo Magnani)

Outra característica desse prédio é a disposição dos ambientes: a área social fica no piso superior (entrada do apartamento) e os quartos, no inferior. “É possível dançar sem atrapalhar o vizinho de baixo”, diz Adonis. Assim, no piso superior fica a sala de estar, que recebeu base branca para valorizar as tapeçarias e as obras de arte. Para não misturá-las a tudo que pode vir da cozinha, como cheiro e fumaça, a opção foimanter a separação dos dois ambientes.

Despensa, banheiro e área de serviço foram retirados para ampliar a cozinha e integrar a sala de jantar no mesmo ambiente. O andar inferior é a área íntima, com três quartos. O banheiro foi revertido para a suíte e criou-se um novo banheiro social abaixo da escada de alvenaria. O segundo quarto tornou-se sala de TV e o terceiro, escritório.

Um apartamento projetado por Niemeyer evoca clima de brasilidade e vem daí a inspiração para a decoração. Mobiliário dos anos 1950 a 1970 - a maioria garimpado e restaurado, inclusive peças do arquiteto –, coleção de garrafas e aves de porcelana e tapeçarias multicoloridas de Kennedy Bahia (1929-1995).

Kennedy é um artista plástico de origem chilena que morou na região amazônica e na Bahia e se encantou pela fauna e flora do Brasil, as quais retratou em suas obras. Considerado o nome maior da tapeçaria do país nos anos 1960 e 1970, teve suas obras expostas em lugares importantes, como o Palácio da Alvorada, em Brasília.

A vedete da cozinha é o cobogó original. A parede foi quebrada, revelando o elemento vazado da fachada.Um painel de vidro pode ser fechado, delimitando a área de serviço. A cozinha, executada pela marcenaria Matéria-Prima, integra-se à sala de jantar. A m (Foto: Marcelo Magnani)

A vedete da cozinha é o cobogó original. A parede foi quebrada, revelando o elemento vazado da fachada.Um painel de vidro pode ser fechado, delimitando a área de serviço. A cozinha, executada pela marcenaria Matéria-Prima, integra-se à sala de jantar. A m (Foto: Marcelo Magnani)

Peças de estilo retrô são o mote da decoração. Um exemplo é este canto da suíte, com a TVJVC dos anos 1970 sobre móvel de jacarandá assinado pelo designer Geraldo de Barros para a Unilabor. Acima, fotos de família (Foto: Marcelo Magnani)

Peças de estilo retrô são o mote da decoração. Um exemplo é este canto da suíte, com a TVJVC dos anos 1970 sobre móvel de jacarandá assinado pelo designer Geraldo de Barros para a Unilabor. Acima, fotos de família (Foto: Marcelo Magnani)

Na espaçosa suíte, a cama da extinta Teto coube direitinho no espaço. A almofada é do Empório Beraldin. A monotonia do branco é quebrada pela tapeçaria de Genaro de Carvalho, que se junta a elementos do passado, como o lustre adquirido em um antiquário do (Foto: Marcelo Magnani)

Na espaçosa suíte, a cama da extinta Teto coube direitinho no espaço. A almofada é do Empório Beraldin. A monotonia do branco é quebrada pela tapeçaria de Genaro de Carvalho, que se junta a elementos do passado, como o lustre adquirido em um antiquário do (Foto: Marcelo Magnani)