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    Ap�s rombo nas contas, Mantega diz que governo estuda cortes nos gastos

    THAIS FASCINA
    DE S�O PAULO

    07/11/2014 12h55

    O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta sexta-feira (7) que o governo est� estudando cortes para diminuir despesas. Em setembro, o governo federal gastou al�m de sua arrecada��o pelo quinto m�s consecutivo, e o Tesouro Nacional acumulou um deficit in�dito em duas d�cadas.

    As despesas com pessoal, programas sociais, investimentos e custeio superaram as receitas em R$ 20,4 bilh�es, o maior valor em vermelho j� contabilizado em um m�s. Com isso, o resultado do ano passou de um saldo fraco para um rombo de R$ 15,7 bilh�es.

    Foi a primeira vez desde o Plano Real, lan�ado em 1994, que houve deficit prim�rio no acumulado de um ano, ou seja, o governo precisou se endividar para fazer os pagamentos rotineiros e as obras de infraestrutura.

    "N�s temos agora que fazer uma redu��o importante das despesas que est�o crescendo, como o seguro-desemprego, abono salarial e aux�lio-doen�a", disse o ministro durante evento da FGV (Funda��o Getulio Vargas) em S�o Paulo para falar da pol�tica fiscal em tempos de crise.

    Mantega afirmou que essas "tr�s despesas" -se referindo aos benef�cios- representam cerca de R$ 70 bilh�es por ano. J� a pens�o por morte, que tamb�m deve ser reformulada nesse pacote, gera gastos de R$ 90 bilh�es anualmente. "Estamos trabalhando para reformatar essas despesas para que em 2015 estejam em decl�nio, interrompendo uma eleva��o que tem ocorrido neste momento."

    Os cortes ainda est�o sendo estudados pelo governo federal, mas o ministro afirmou que os resultados ser�o divulgados em breve. Sobre as mudan�as no fator previdenci�rio –�ndice que reduz o benef�cio de quem se aposenta cedo–, Mantega disse que a discuss�o n�o est� inclu�da no pacote.

    "Essa conversa � mais longa e precisa ser feita com o segmento interessado. S� citei alguns casos que est�o em estudo e logo teremos uma posi��o."

    BNDES

    Para o per�odo "p�s crise", ou "novo ciclo", como denominou o ministro, o governo federal tamb�m pretende diminuir os subs�dios financeiros para contribuir na redu��o das despesas. "Temos que realizar uma consolida��o fiscal n�o criando novos est�mulos. As despesas precisam diminuir no pr�ximo ano, o que significa tamb�m dar um subs�dio menor pelos empr�stimos que s�o feitos pelo BNDES."

    Para o ministro da Fazenda, os bancos p�blicos tiveram um papel fundamental fornecendo cr�dito e juros menores para a popula��o no per�odo entre 2008 e 2010, quando os bancos privados, por causa do momento de crise, diminu�ram o recurso. "Agora, eu espero que, a partir de um novo ciclo, os bancos privados voltem a ter uma atua��o maior liberando mais cr�ditos para a economia de modo que os bancos p�blicos n�o precisem fazer este papel."

    Mesmo com os planos para cortes nos benef�cios, Mantega considera que "este � o �ltimo ano de pol�ticas antic�clicas no Brasil".

    IND�STRIA

    O setor industrial tamb�m foi um dos temas mencionados no evento. "A ind�stria � a que mais sofre [neste per�odo de crise] porque � o mercado que mais encolhe", disse Mantega.

    De acordo com dados divulgados nesta sexta-feira, o ritmo de produ��o industrial nacional caiu em seis das 14 regi�es pesquisadas pelo IBGE de agosto para setembro deste ano, na s�rie com ajuste sazonal. Os recuos mais acentuados foram no Rio de Janeiro (-5,6%) e Pernambuco (-2,2%).

    Ainda assim, Guido Mantega afirmou que, se o governo n�o tivesse feito pol�ticas de est�mulo, a produ��o industrial n�o teria se mantido em um "patamar superior". Segundo o ministro, o setor ficou em uma situa��o "razo�vel", mas afirmou que a realidade ainda � insatisfat�ria para as necessidades da ind�stria.

    ECONOMIA MUNDIAL

    Mantega repetiu que, al�m da economia mundial em crise, a seca, a estiagem e a falta de chuvas atrapalharam o crescimento do Brasil.

    Durante o evento, exaltou como a gest�o Dilma enfrentou o per�odo com ativos de bancos p�blicos para injetar cr�dito na economia, com a redu��o de alguns tributos para ativar o consumo e com investimento de infraestrutura, como o Minha Casa Minha Vida.

    "A economia brasileira est� s�lida porque sa�mos com um mercado consumidor forte e temos volume de reservas internacionais. O emprego aumenta e os sal�rios t�m aumento real tamb�m. Portanto, o mercado consumidor continua crescendo. Se o cr�dito for liberado esse mercado volta a consumir", afirmou.

    INFLA��O

    O ministro falou ainda sobre o IPCA (�ndice oficial da infla��o) de outubro, que ficou em 0,42%. Em setembro, a taxa havia sido de 0,57%.

    No acumulado dos 12 meses encerrados em outubro, por�m, o �ndice ficou em 6,59%, superando o teto da meta. A meta � de 4,5%, com dois pontos de varia��o. Para Mantega, a infla��o est� controlada sem risco de ultrapassar a meta.

    Ap�s o aumento da gasolina nas refinarias em 3% e de 5% no diesel, anunciado na noite de quinta-feira (6), Mantega disse que o impacto da mudan�a ser� de 0,1 ponto percentual na infla��o.

    Sobre a necessidade de novos aumentos no combust�vel, disse que "n�o discute o pre�o da gasolina e a situa��o da estatal", mesmo sendo o presidente do conselho de administra��o da empresa.

    Reportagem da Folha publicada nesta sexta-feira informou que, segundo an�lise da consultoria Gradual, os reajustes na gasolina e no diesel devem ter um impacto estimado em 0,11 ponto percentual na infla��o do ano. Dessa forma, o IPCA chegaria a 6,46% em 2014 –pr�ximo do teto da meta, de 6,5%.

    O aumento est� em vigor desde a 0h de hoje.

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