Ex-tratador de imagens da 'Playboy' desabafa: 'era uma press�o enorme'
Pela mesa de S�rgio Picciarelli, 58, j� passaram mulheres como Vera Fischer, Adriane Galisteu, Grazi Massafera, Mait� Proen�a e Juliana Paes.
Mas engana-se quem deduz que o segredo seja os olhos claros, a fala mansa ou o estilo reservado. O truque est� na habilidade com as m�os.
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Tratador de imagem e editor de fotografia da revista "Playboy" entre 1999 e 2012, ele � provavelmente o homem que melhor conhece o corpo das brasileiras ilustres que j� povoaram o imagin�rio de muito marmanjo por a�.
Entre suas fun��es: tirar gordurinhas indesejadas com Photoshop, corrigir imperfei��es na pele e deixar seios da modelo do mesmo tamanho.
S�rgio come�ou a trabalhar na Editora Abril como trainee de fotografia, h� 40 anos. "Em 1999, um dos diretores da editora gostou muito de uma capa que eu fiz, a da Deborah Secco, e achou que era a hora da Playboy ter seu pr�prio editor de fotografia", diz.
Sempre discreto, ele compartilhou a novidade com o irm�o, ent�o funcion�rio da Sabesp, que reagiu: "Voc� vai trabalhar com mulher pelada enquanto eu vou lidar com merda, p�".
Casado h� 36 anos, S�rgio garante que a mulher nunca teve uma crise de ci�me. "Ela sabe que o trabalho � muito menos glamouroso do que parece. Nunca tive ere��o vendo a 'Playboy'. As fotos, pra mim, s�o sin�nimo de muita press�o e aten��o."
Superiores, por exemplo, est�o sempre na sua cola, pedindo "mais peito nesta, menos cintura na outra, cor de batom mais vibrante".
PITANGUY
Diretor de arte da revista de 2000 a 2005, Michel Spitale o apelidou de Ivo Pitanguy do Photoshop, pelas "cirurgias" que fazia nas mulheres. "Uma vez a diretoria nos pediu para colocar mais pelos pubianos em mo�as muito depiladas, com as 'periquitas' expostas. Brinc�vamos que ele deveria criar uma ferramenta chamada Vera Fischer", rememora Michel.
Ao mulherio, S�rgio avisa: "Fiquem tranquilas, todo mundo tem espinha, celulite, os clit�ris nem sempre s�o de Barbie. Assim como a mulher escolhe um vestido que deixa o corpo mais bonito para uma festa, trato as fotos para que elas fiquem mais bacanas numa situa��o especial".
S�rgio conta que a maioria das siliconadas tem cicatrizes complicadas de remover. A pele exageradamente queimada de sol pode ser um pesadelo. Nome de ex-namorado tatuado tamb�m. Tudo isso junto, ent�o...
Conhecido pela m�o leve, S�rgio j� foi elogiado nas conven��es internacionais da revista. A "Playboy" que ele menos gosta, pelo excesso de interven��es no corpo, � a norte-americana. "N�o gosto de mulher sem textura, com cara de boneca."
Seu ensaio favorito � o de Magda Cotrofe, atriz e modelo dos anos 1980 que estampou tr�s capas (nenhuma delas passou por ele). Da sua gest�o, destaca a atriz Fl�via Alessandra e, principalmente, a ex-"BBB" Cacau. "Quase n�o tive trabalho com elas."
Por 13 anos, S�rgio -que hoje tem escrit�rio pr�prio de tratamento de imagem- encarou a fiscaliza��o de leitores e tamb�m das musas.
"Em 2003, Hel� Pinheiro [a Garota de Ipanema] entrou na reda��o �s gargalhadas, pegou meu bra�o, colocou sobre sua perna e disse bem alto: 'P�, Serj�o, voc� deixou minha perna fl�cida! Aperta e v� se �, d� um belisc�o", lembra com o rosto corado.
A cantora Marina Lima, capa em 1999, at� hoje � grata: "Morria de medo. N�o queria acabar como uma boneca plastificada, e ele me respeitou".
S�rgio desabafa: "O pessoal acha que eu vivo rodeado por mulheres peladas. Mas, no fim, voc� aguenta uma press�o enorme, passa madrugadas acordado e n�o recebe nem um obrigado. Mentira a Cleo Pires uma vez me mandou um beijo durante uma entrevista na televis�o".