Lula diz que afastará Juscelino Filho caso ministro seja denunciado pela PGR

Polícia Federal indiciou ministro das Comunicações sob suspeita de corrupção e organização criminosa

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Brasília

O presidente Lula (PT) afirmou nesta quarta-feira (26) que vai afastar o seu ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), caso ele seja denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República).

O mandatário acrescentou que o próprio Juscelino Filho está ciente dessa situação. "Se o procurador indiciar [no caso da PGR, denunciar] você, você sabe que tem que mudar de posição", afirmou o presidente, durante entrevista ao portal UOL.

Ao ser questionado na sequência se ele seria afastado se isso acontecesse, Lula respondeu afirmativamente. "Vai ser afastado. Ele sabe disso", completou.

"O que eu disse para o Juscelino? Eu disse: 'Olha, a verdade só você que sabe. Então é o seguinte: se o procurador indicar você, você sabe que tem que mudar de posição'", afirmou Lula.

O presidente Lua (PT) em entrevista ao UOL - UOL no Youtube/Youtube

Neste mês, a PF concluiu que o ministro das Comunicações integra uma organização criminosa e cometeu o crime de corrupção passiva relacionado a desvios de recursos de obras de pavimentação custeadas com dinheiro público da estatal federal Codevasf.

Juscelino foi indiciado sob suspeita dos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, falsidade ideológica e fraude em licitação.

A investigação com o indiciamento de Juscelino foi enviada para avaliação da PGR, sob o comando do procurador-geral da República, Paulo Gonet. Não há prazo para que ocorra uma definição.

Na ocasião, Juscelino criticou a atuação da PF e disse que o indiciamento é uma "ação política e previsível". "Trata-se de um inquérito que devassou a minha vida e dos meus familiares, sem encontrar nada. A investigação revira fatos antigos e que sequer são de minha responsabilidade enquanto parlamentar."

Nesta quarta, o ministro disse ao jornal O Globo que seguirá no cargo enquanto Lula quiser. "Cargo de ministro é de presidente. Até o dia que ele quiser eu vou cumprir a missão que ele me deu com muita honra, trabalhando pelo Brasil, fazendo o que eu estou fazendo com muita tranquilidade", afirmou. "Vou estar me defendendo. Isso aí eu estou muito tranquilo. E no dia que eu deixar de ser ministro vou voltar para o Congresso, ser deputado federal pelo Maranhão, que é pelo que eu fui eleito pelos quatro anos", completou.

Mais tarde, em nota, a pasta disse que Juscelino "continua trabalhando com muita dedicação e de forma muito transparente". "Continua no cargo enquanto o presidente desejar, o que é uma honra para Juscelino. O ministro reafirma a sua inocência no caso e que não existe nada em relação à sua conduta à frente do ministério. Ele confia que a Justiça vai reconhecer sua inocência", afirmou.

As suspeitas envolvem irregularidades em obras executadas em Vitorino Freire (MA), cidade governada por Luanna Rezende, irmã do ministro, e bancadas por emendas parlamentares indicadas pelo ministro de Lula no período em que ele atuava como deputado federal.

A União Brasil, partido da base aliada e terceira maior bancada na Câmara, defendeu publicamente o ministro, afirmando que ele não teve direito a defesa na investigação.

Lula defendeu o ministro na semana passada. Em visita ao Maranhão, estado do ministro, permaneceu ao lado dele durante evento para anúncio de obras.

Em entrevista a uma rádio, disse que, além de está feliz com seu auxiliar, é preciso aguardar os desdobramentos do recente indiciamento, repetindo que "todo mundo é inocente até que se prove o contrário".

"Tem um problema de indiciamento do Juscelino. Mas eu tenho uma filosofia: todo cidadão é inocente até que se prove o contrário. Se o indiciamento ainda não foi concedido pela PGR nem pela Suprema Corte, eu tenho que aguardar", afirmou Lula.

As investigações que levaram ao indiciamento do ministro tiveram como ponto de partida uma reportagem da Folha de 2022.

Na ocasião, o jornal revelou o uso de laranjas em licitações da estatal federal Codevasf por um empresário maranhense que posteriormente seria apontado como um dos principais elos do ministro com o suposto esquema criminoso.

Mensagens no celular do sócio oculto da empresa Construservice, apreendido em operação que usou como uma das bases reportagem da Folha, constituem a principal prova contra Juscelino, segundo as apurações da PF.

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