Descrição de chapéu Eleições 2024 Governo Lula

Boulos prevê 1º ato público com Lula em SP após condenação por campanha antecipada

Presidente fará anúncios do governo federal no sábado ao lado do pré-candidato a prefeito e de Marta Suplicy

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São Paulo

A pré-campanha de Guilherme Boulos (PSOL) terá dois atos públicos com Lula (PT) em São Paulo no sábado (29), como parte da estratégia de usar o presidente para impulsionar a candidatura do deputado a prefeito.

Lula deverá fazer quatro anúncios de iniciativas do governo federal ao lado do aliado e da indicada pelo PT para vice, a ex-prefeita Marta Suplicy, que voltou ao partido por iniciativa do petista.

A presença de Lula na capital paulista para atividades com Boulos será a primeira desde que os dois foram condenados pela Justiça Eleitoral por propaganda eleitoral antecipada, na sexta-feira (21), em virtude do pedido de voto no deputado feito pelo presidente em evento do 1º de Maio.

Guilherme Boulos, Marta Suplicy e Lula durante o ato de refiliação da ex-prefeita ao PT, em fevereiro - Bruno Santos - 2.fev.24/Folhapress

O roteiro alinhado com a equipe de Boulos prevê que Lula estará pela manhã na zona leste para os anúncios da criação de um instituto federal de educação em Cidade Tiradentes e da destinação de recursos para obras no campus local da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

À tarde, as atividades serão na zona sul, região onde Marta conservou apoio ao longo dos anos. A expectativa é que o presidente anuncie R$ 1,7 bilhão do Novo PAC para a extensão da linha 5-lilás do metrô até o Jardim Ângela e a construção de um instituto federal no mesmo distrito.

A abertura dos dois institutos na capital já tinha sido oficializada pelo governo. A obra do metrô no Jardim Ângela também serviu de palanque, na semana passada, para o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que usaram uma solenidade de assinatura de um aditivo no contrato para anunciarem Ricardo Mello Araújo (PL) como vice na chapa de Nunes.

Lula confirmou nesta quarta-feira (26), em entrevista ao UOL, que estará em São Paulo no sábado para a série de anúncios. Tarcísio e Nunes devem ser convidados para as solenidades, mas a possibilidade de comparecerem é remota —o governador está em viagem internacional. É esperada a participação do ministro da Educação, Camilo Santana (PT), e de outros auxiliares e correligionários do presidente.

Com as medidas para intensificar a presença do governo federal na cidade e vincular Boulos ao padrinho, Lula cumpre a promessa de se engajar na eleição paulistana para fazer frente ao campo do rival Jair Bolsonaro (PL), que apoia a reeleição de Nunes.

Imagens convocando militantes para os atos de sábado estão sendo compartilhadas em redes sociais para mobilizar apoiadores e evitar a repetição do fiasco de público do 1º de Maio. As montagens usam foto de Lula, Boulos e Marta de mãos dadas tirada na filiação dela ao PT, em fevereiro.

Na semana passada, o juiz eleitoral Paulo Sorci, da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, condenou Lula e Boulos ao pagamento de multas de, respectivamente, R$ 20 mil e R$ 15 mil por causa do discurso do presidente no evento de centrais sindicais no Dia do Trabalho em que pediu voto no aliado.

Os dois informaram que vão recorrer da decisão. A propaganda eleitoral será permitida somente após o dia 16 de agosto, quando as candidaturas já estiverem registradas na Justiça Eleitoral.

Durante a comemoração, em Itaquera (zona leste), Lula disse que o pleito paulistano seria uma "verdadeira guerra" e, ao lado do deputado no palco, pediu que seus eleitores votassem nele.

"Vou fazer um apelo: cada pessoa que votou no Lula em 89, em 94, em 98, em 2006, em 2010, em 2018… 2022, tem que votar no Boulos para prefeito de São Paulo", afirmou o petista.

Ao decidir pela condenação, o juiz afirmou que foi "inquestionável a prática do ilícito eleitoral" e que houve "pedido explícito" de voto. Ele considerou ainda que Boulos foi beneficiário direto e demonstrou inércia diante da fala, "mesmo podendo atuar de forma discreta para amenizar o discurso".

A avaliação entre aliados foi a de que o presidente agiu de caso pensado, com o cálculo de que o ganho na esfera eleitoral era maior do que o risco de ser acusado de ilícito eleitoral e sofrer uma multa.

Lula fez outras aparições ao lado do pré-candidato do PSOL na cidade nos últimos meses. Em dezembro, os dois estiveram juntos em cerimônia do governo federal em Itaquera para o anúncio de um empreendimento a ser construído em parceria com o MTST (movimento de sem-teto ligado a Boulos).

Como mostrou a Folha, o pré-candidato ganhou um alívio recentemente com a desintegração do campo da direita nas últimas semanas, após a entrada de Pablo Marçal (PRTB) e de José Luiz Datena (PSDB). A avaliação é que o cenário favorece uma pulverização de votos que pode desidratar Nunes.

A ascensão de Marçal, visto como opção para bolsonaristas resistentes ao atual prefeito, teve outro efeito colateral comemorado pelo consórcio PSOL-PT: obrigou Nunes a ceder à pressão de Bolsonaro pela indicação como vice de Mello Araújo, coronel da reserva e ex-chefe da Rota, incorporando o bolsonarismo mais radical à chapa.

Bolsonaro sofre alta rejeição na capital, onde foi menos votado que o rival na eleição de 2022.

Segundo o Datafolha, 61% dos eleitores se recusariam a escolher um candidato apoiado pelo ex-mandatário, enquanto 18% dizem que a recomendação de Bolsonaro seria motivo de voto. No caso de Lula, 45% não votariam em um postulante indicado por ele, e 23% votariam com certeza.

Na pesquisa mais recente do instituto, divulgada em 29 de maio, Boulos teve 24% de intenções de voto, empatado tecnicamente em primeiro lugar com Nunes, com 23%. Em seguida apareceram Datena, com 8%, também empatado com Tabata Amaral (PSB), com 8%, e Pablo Marçal (PRTB), com 7%.

O PSOL vê como um trunfo o envolvimento de Lula na campanha e conta com a ajuda do presidente para melhorar os índices de Boulos entre eleitores de baixa renda e menor escolaridade, hoje tendendo ao voto em Nunes. Outra aposta é explorar legados da gestão Marta (2001-2004) para o município.

A aprovação do presidente na capital, entretanto, tem uma curva descendente desde 2023, quando ele assumiu o governo.

Em maio, de acordo com o Datafolha, 35% dos moradores avaliavam o mandato do petista como ótimo ou bom, situação estável na comparação com o levantamento anterior do instituto, de dois meses antes. Desaprovavam o trabalho de Lula 34%, enquanto 30% o consideravam regular.

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