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Europa à direita

Letargia econômica, imigração e Rússia favorecem conservadores em eleição da UE

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Fachada do Parlamento Europeu na sede de Estrasburgo (França) - Frederick Florin/AFP

Mais de 370 milhões de eleitores decidirão de 6 a 9 de junho o rumo a ser tomado por uma União Europeia hoje dividida sobre a inadiável transição energética, a imigração crescente e a economia titubeante —além de, acima de tudo, desafiada por uma ameaça militar.

Definir os 720 integrantes do Parlamento Europeu será o primeiro passo para a cidadania orientar as posições da UE, dentro e fora de suas fronteiras, nos próximos cinco anos. Da coalizão majoritária emergirá uma nova composição para a Comissão Europeia, o braço Executivo do bloco.

As mais recentes pesquisas de opinião antecipam a formação de um Parlamento Europeu mais conservador, incluindo setores mais radicais. Os argumentos das forças de esquerda e de centro, dominantes na UE nos últimos anos, parecem ter se esgotado.

Há amargor em parcelas relevantes do eleitorado sobre as políticas adotadas por Bruxelas desde 2019 —sobretudo as ambientais e as migratórias. O ritmo lento de expansão econômica e o desafio inflacionário desgastaram a atual comissão a ponto de ser esperada presença maior nas urnas.

O eleitor do continente emite desejo de mudança. Como nunca antes, 37% querem a adoção de política regional de defesa capaz de conter a ameaça de a Rússia expandir seu front além da Ucrânia, conforme recente consulta do Eurobarômetro. O risco de a Europa ver-se sozinha em um potencial conflito com Moscou reforça tal temor.

A declaração do candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, de que encorajaria a Rússia a fazer "o que diabos quiser" contra os aliados de Washington na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), foi devidamente anotada pelos europeus.

Não há certeza de que a futura formatação do Parlamento Europeu dará as respostas esperadas pelo eleitor nessa seara. Sabe-se, porém, que a atual governança da UE acordou atrasada para a agenda de defesa regional.

Mesmo que o novo Parlamento reconduza a alemã Ursula von der Leyen à presidência da Comissão Europeia, dificilmente ela encontrará entre seus pares e no Legislativo o aval para seguir na mesma linha dos últimos cinco anos.

editoriais@grupofolha.com.br

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