Descrição de chapéu
O que a Folha pensa

MEC inerte

Nome promissor, Izolda Cela deixa pasta, que ainda deve política para o setor

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Izolda Cela, que está de saída do MEC - Reinaldo Canato - 27.set.17/Governo do Estado do Ceará

Dentre as escolhas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para seu ministério, a da pasta da Educação mostrou-se promissora, não só pelo contraste com o descalabro sob Jair Bolsonaro (PL), mas pelos nomes selecionados. Contudo ainda não há uma política clara desenhada para combater os problemas crônicos do ensino brasileiro.

O ministro Camilo Santana governou o Ceará, unidade da Federação que melhorou significativamente seus indicadores no setor. A segunda na hierarquia, Izolda Cela, foi secretária de Educação do estado e também de Sobral (CE), cidade pioneira no incremento dos índices estaduais de aprendizagem.

Passado um ano e cinco meses de mandato, Cela deixa a pasta para disputar pleito municipal, e o MEC precisa correr atrás do prejuízo de uma gestão que, até o momento, está abaixo das expectativas.

Em relação à alfabetização, o governo apresentou na terça (28) dados que mostram melhorias na área em 2023, como se fossem resultados do programa lançado em junho do ano passado. Mas, até novembro, nenhum centavo do recurso previsto havia sido destinado para o letramento dos brasileiros.

Já a urgente reforma do novo ensino médio, que tem potencial para alavancar a aprendizagem e reduzir a evasão escolar, alta nesta etapa do ensino, foi postergada devido a hesitações na formulação do projeto e dificuldades na articulação política com o Congresso. Só foi aprovada em março deste ano.

O setor de educação exige políticas de longo prazo, já que serão responsáveis por cobrir anos, até décadas, da vida acadêmica de uma geração. Mas os números mostram como, aqui, o Estado é incapaz de implementar ações contínuas.

De acordo com o IBGE, 11,4 milhões de pessoas acima dos 15 anos são analfabetas. Pesquisa do Instituto Natura com dados do MEC mostrou que, em 2019, ínfimos 19% dos jovens do país concluíram o ensino médio na idade certa e com nível suficiente de aprendizagem.

O PT esteve no poder de 2003 a 2016. Não pode perder tempo em mais um mandato sem desenvolver políticas que deem início a mudanças consistentes nos índices vexatórios da educação brasileira.

editoriais@grupofolha.com.br

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.