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O que a Folha pensa forças armadas

Arejar a caserna

Abertura para mulheres voluntárias é bem-vinda; falta rever serviço obrigatório

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Militares durante desfile de 7 de Setembro, em São Paulo (SP) - Eduardo Anizelli - 7.set.16/Folhapress

"Queremos mulheres armadas até os dentes", foi a frase de gosto duvidoso que o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, escolheu para o anúncio de um acordo com os comandantes militares para ampliar a presença feminina nas Forças Armadas. "Queremos o fim da discriminação contra mulheres na caserna" seria mais apropriado.

Pelo que ficou acertado entre o ministro e os oficiais-generais, mulheres que completarem 18 anos em 2025 poderão participar, em caráter voluntário, do sistema de alistamento militar, que seleciona recrutas para servir a partir de 2026.

Pode-se celebrar o acordo como mais um passo no tortuoso processo de reduzir as resistências dos militares à presença feminina, mas a escolha do alistamento como forma de acesso parece equivocada.

Tal sistema, obrigatório para os homens, não é exatamente uma porta de entrada na carreira militar. Os conscritos permanecem na Força por 12 meses, prorrogáveis até o limite de 96. O jovem ingressa como soldado e, com o tempo máximo permitido, pode deixar as fileiras como 3º sargento.

Essa fórmula representa mais um hiato na trajetória de vida dos jovens do que um atrativo. Em grande parte dos países desenvolvidos e democráticos, entre eles EUA, Reino Unido, Alemanha e França, o alistamento já foi há décadas substituído pelo serviço voluntário com possibilidade de transformar-se numa carreira.

No Brasil, os contingentes recrutados têm diminuído, mas há grande resistência do generalato em acabar com o serviço obrigatório —o caminho mais correto a seguir, gradualmente que seja.

Mulheres já chegam às Forças Armadas, predominantemente por escolas de oficiais, mas sua participação em unidades de combate ou de elite ainda é bastante limitada. A exceção é a Marinha, que as aceita como fuzileiras navais.

O que a experiência internacional ensina é que mulheres são perfeitamente capazes de atuar em todas as posições militares, tanto em situações de treinamento como de guerra real. Se há requisitos de capacidade física para determinadas funções, candidatas a esses postos devem ser submetidas a testes de aptidão individual.

O que não faz sentido é o veto ao gênero, que parece ainda inscrito na mentalidade de alguns generais.

editoriais@grupofolha.com.br

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