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Renovação protelada

Países devem metas para energia limpa; Brasil tem a sua, mas foca petróleo

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Parque eólico brasileiro em Dom Inocêncio (PI), o maior da América Latina - Eduardo Anizelli - 28.ago.24/Folhapress

De boas intenções os acordos internacionais de combate à mudança climática estão cheios. Falta ação, engajamento e senso de urgência para conter o aquecimento global, como evidencia o relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) divulgado na terça-feira (4).

Em 2015, o Acordo de Paris estipulou a meta de manter a alta da temperatura média mundial abaixo de 2ºC, de preferência em 1,5ºC.

O pacto também determinou que todo país submeta à ONU, a cada cinco anos, um documento chamado Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, em inglês), que apresenta compromissos para arrefecer o efeito estufa.

Tal objetivo só pode ser atingido com redução e eliminação da queima de combustíveis fósseis, casos de petróleo, carvão e gás natural. Dada a histórica dependência econômica em relação a essas matrizes, por óbvio é necessário desenvolver planos para substituir os modelos baseados em emissões de carbono pela energia limpa.

Por isso, a cúpula do clima da ONU realizada em Dubai em 2023, a COP28, determinou que a capacidade instalada de energia renovável global triplicasse até 2030, atingindo 11 mil gigawatts (GM).

Segundo o relatório da AIE, entretanto, apenas 14 dos 194 países que enviaram NDCs expuseram metas específicas para esse indicador. As projeções declaradas somam 1.300 gigawatts (GM) até o fim da década —só 12% do necessário para cumprir o acordo da COP28.

Mesmo incluindo metas domésticas de 150 países analisados pela AIE, a capacidade renovável fica 30% abaixo da estipulada em Dubai. Somando-se os planos de cada país da América Latina e do Caribe, a região almeja elevar o potencial renovável em 39% até 2030, chegando a 450 GW —o Brasil responde por quase 50% desse total.

Mas o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostra dubiedade. Apesar da retórica pró-ambiente, não tem plano claro para a transição energética e volta suas atenções a exploração do petróleo e subsídios à indústria automotiva.

A entrega das próximas NDCs está marcada para 2025, a apenas cinco anos do prazo final para o cumprimento das metas. O Brasil já tem a sua, mas, se pretende de fato ser protagonista no cenário ambiental, deve rever ideologias desenvolvimentistas fossilizadas.

editoriais@grupofolha.com.br

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