O ex-deputado José Genoino é um dos melhores líderes políticos da minha geração, tem seu lugar de honra na luta do povo brasileiro. Tive a felicidade de atravessar algumas duras provas ao seu lado.
Respeito a excepcional capacidade de formulação que o ex-presidente do PT tem. Encantou-me, há alguns anos, com a ideia da "democracia radical". Mas me causa estranheza, hoje, com a crítica que faz à possível aliança com o ex-tucano Geraldo Alckmin.
O binômio Lula-Alckmin, mais que a fulanização rasa de uma nominata, pode ser uma oportunidade única para uma concertação política profunda, que mude qualitativamente o destino do Brasil enquanto nação.
Ou acreditamos nisso para valer ou ficamos no raso, fazendo o jogo do varejo de sempre, com os riscos de sempre, perdidos no tempo, aprofundando ainda mais a desigualdade de sempre.
Nosso arcabouço legal, institucional, é forte. Provou-se. Temos um Tribunal Superior Eleitoral e um Supremo Tribunal Federal que se fazem respeitar na defesa da Constituição. Não acho que temos uma corte de ministros venais.
O calendário e as regras eleitorais para 2022 estão postos. Não há tempo a perder com retrovisor sujo de lama. Nem mágoas. Lula e Alckmin representam o arquétipo mais que perfeito nessa oportunidade brasileira para, usando os termos do mercado, reprecificar o Brasil no mercado futuro, sem as assombrações do passado.
O pobre e o rico, o preto e o branco, o Sul e o Norte, o médico e o paciente, o erudito e o popular —enfim, os diversos, que podem se tratar com respeito e inteligência, unindo muitas partes neste momento de transição complexa. É uma oportunidade ímpar, num ano par, em todos os seus quatro números: 2022.
Alckmin-Lula, Lula-Alckmin: mais que um exercício estéril de luta por hegemonia, tem tudo para ser a prática de um novo olhar sobre o Brasil nos 200 anos da nossa Independência.
A proposta política precisa botar claramente na mesa da sociedade como as coisas estão e como o Poder Executivo vai agir nos próximos quatro anos; fazer um pacto de segurança, de eficiência política, de força de dissuasão e respeito que o Brasil exige.
Mas, para isso, é vital que os Genoinos e os genuínos acreditem, de verdade, que essa aliança não é mais uma enganação. E se comprometam, honestamente, com a possibilidade que se apresenta.
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