As empresas são a única instituição em que os brasileiros confiam, segundo a pesquisa Barômetro da Confiança 2021 da agência global de comunicação Edelman.
De acordo com sondagem online realizada de 19 de outubro a 18 de novembro de 2020, o governo recebe a pior nota entre as instituições no Brasil, com apenas 39% dos entrevistados dizendo confiar na liderança política.
Para 61% dos brasileiros ouvidos, as empresas são confiáveis.
“Quando os governos não são eficientes, não conseguem atender às demandas da sociedade, a iniciativa privada, as empresas, ocupam esse lugar, o que está ocorrendo ainda mais durante a crise da Covid-19”, diz Ana Julião, gerente-geral da Edelman Brasil.
Para o levantamento, realizado anualmente pela Edelman há 21 anos, foram ouvidos 33 mil entrevistados em 28 países –1.150 em cada nação.
A confiança na mídia subiu em relação ao ano passado, mas ainda está em patamar considerado negativo pelo levantamento: 48% dizem acreditar na instituição, que, na pesquisa, engloba plataformas de busca, redes sociais, sites e redes de empresas e instituições e mídia tradicional (imprensa).
São 56% dos entrevistados que afirmam confiar nas ONGs, índice considerado de neutralidade (de 50% a 59%).
A credibilidade da mídia subiu 4 pontos, o maior crescimento entre as instituições brasileiras —governo subiu 2 pontos, empresas e ONGs caíram 3 pontos. A credibilidade da mídia no Brasil está acima de países como Estados Unidos (45%), Argentina (42%), Colômbia (39%), França (37%), Japão (36%), Rússia (29%) e África do Sul (42%).
Na média entre os países pesquisados, ONGs, governo e mídia são vistos com neutralidade: 57%, 53% e 51% das pessoas declaram confiar em cada uma dessas instituições, respectivamente. As empresas são a única instituição considerada confiável pela maioria dos entrevistados nos países, com 61%.
Para Ana Julião, o ganho de confiança na imprensa se explica pela preocupação das pessoas com a desinformação, as fake news. Desde 2018, a confiança das pessoas na mídia no Brasil vem subindo, de 41% para 44% e 48%, embora ainda fique em campo negativo.
Outro dado promissor, segundo Julião, é o fato de as pessoas dizerem que estão mais interessadas em melhorar sua compreensão sobre mídia —para 74%, em relação ao ano anterior, é mais importante “melhorar meu letramento em mídia e informação”.
Mesmo assim, ainda é baixa a prática de informação limpa entre os brasileiros, definida pela pesquisa como engajar-se com o noticiário, evitar bolhas de informação, verificar informações e não amplificar informações não verificadas.
No Brasil, 32% dos entrevistados tentam obter “informações limpas”. Nos EUA, são 22%, na China, 21%, Argentina 35%, Colômbia 31%, México 30% e Itália 35%.
O levantamento aponta que a crise de confiança em relação ao governo e à mídia é profunda.
Para 67% dos brasileiros ouvidos, líderes de governo tentam enganar as pessoas de propósito dizendo coisas que sabem ser falsas ou exageradas. Na média global, são 57%.
As organizações jornalísticas, de acordo com a pesquisa, são vistas como parciais. Na opinião de 65% dos brasileiros ouvidos, jornalistas tentam enganar as pessoas de propósito dizendo coisas que sabem ser falsas ou exageradas, e globalmente esse índice é de 59%. Para 64% dos brasileiros, a maioria das organizações jornalísticas está mais preocupada em apoiar uma ideologia ou posição política do que em informar o público, diante de 59% no mundo.
De forma geral, 72% dos entrevistados brasileiros acham que a mídia não está indo bem em termos de objetividade e apartidarismo. Mas, na comparação com outros países, o Brasil não sobressai como particularmente crítico à mídia. No Japão, são 80%, na Coreia do Sul, 77%, Colômbia 76%, Argentina 75%, Itália 75%, Espanha 73%, Reino Unido 69% e Nigéria 67%.
Debate
Os dados brasileiros da pesquisa serão discutidos nesta quinta-feira (11) em debate virtual a partir das 9h30. Participarão a gerente-geral da Edelman Brasil, Ana Julião, Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, o diretor-geral do Linkedin na América Latina, Miton Beck, e Vinicius Mota, secretário de Redação da Folha. As inscrições são por este link.
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