Leia poemas de Michel Temer
O vice-presidente da Rep�blica estreia na poesia com "An�nima Intimidade", que sai nesta semana, pela Topbooks (168 p�gs., R$ 39). "Escrevi estes escritos para mim", diz.
E o fez, conta, em guardanapos de papel durante viagens a�reas entre Bras�lia e S�o Paulo. "Deixava a arena �rida da pol�tica legislativa e me entregava, durante o voo, a pensamentos."
Ciro Fernandes/Divulga��o |
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Desenho de Ciro Fernandes para o livro "An�nima Intimidade", do vice-presidente da Rep�blica, Michel Temer |
No livro, adverte para o car�ter ficcional de seus versos, que tematizam recorda��es de inf�ncia e juventude, reflex�es metalingu�sticas e existenciais e homenagens � figura feminina.
Em sua introdu��o, Temer agradece aos amigos o impulso para tirar a obra do �mbito �ntimo --em especial, a Carlos Ayres Britto, autor do pref�cio.
"Numa frase", escreve o ex-presidente do STF, "esse Michel Temer sobre quem discorro � o homem maduro que, liricamente, ainda porta consigo os sonhos de sua meninice e juventude". O livro ser� lan�ado em S�o Paulo no dia 31, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.
*
EXPOSI��O
Escrever � expor-se.
Revelar sua capacidade
Ou incapacidade.
E sua intimidade.
Nas linhas e entrelinhas.
N�o teria sido mais �til silenciar?
Deixar que saibam-te pelo que parece que �s?
Que desejo � este que te leva a desnudar-te?
A desmascarar-te?
Que compuls�o � esta?
O que buscas?
Ser� a incapacidade de fazer coisas �teis?
Mais objetivas?
� por isso que procuras o subjetivo?
Para quem a tua mensagem?
Para ti?
Para outrem?
N�o sei.
Mais uma que fa�o sem saber por qu�.
ASSINTONIA
Falta-me tristeza.
Instrumento mobilizador
Dos meus escritos.
N�o h� trag�dia
� vista.
Nem lembran�as
De trag�dias passadas.
Nem dores no presente.
Lamentavelmente
Tudo anda bem.
Por isso
Andam mal
Os meus escritos.
QUEM?
Loira. Os olhos
Negros.
O cabelo, na raiz,
Negro.
Os l�bios
Grossos.
O olhar (n�o os olhos)
Distante. Triste.
Romanceado. Vendo a �frica.
Sem a rapidez
E alegria
Dos olhos da loira
Postos na neve.
A quem minha mem�ria
Deve armazenar?
A loira, falsa,
Ou a mulata, verdadeira?
EMBARQUE
Embarquei na tua nau
Sem rumo. Eu e tu.
Tu, porque n�o sabias
Para onde querias ir.
Eu, porque j� tomei muitos rumos
Sem chegar a lugar nenhum.
AN�NIMA INTIMIDADE
Correio elegante.
Hoje, torpedo.
Bom mesmo era o correio elegante
Nas quermesses do interior.
O gar�om levava a sua mensagem para algu�m.
Ou trazia,
Sempre an�nimas,
Palavras de amor.
Ou admira��o.
Despertava curiosidade.
Quem mandou?
E a sua mente divagava.
Sonhava.
Fantasiava.
Desejava.
Ser� ela?
Outra?
Era uma intimidade aquele anonimato.
Depois, voc� caminhava para sua casa, para seu quarto.
E dormia inebriado pelas palavras e pelo perfume
Que o correio elegante trazia.
VERMELHO
De vermelho
Flamejante.
Labaredas de fogo.
Olhos brilhantes
Que sorriem
Com l�bios rubros.
Inc�ndios
Tomam contam de mim.
Minha mente
Minha alma.
Tudo meu
Em brasas.
Meu corpo
Incendiado
Consumido
Dissolvido.
Finalmente
Restam cinzas
Que espalho na cama
Para dormir.
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