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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Só quero que Lula cumpra o que me prometeu, diz CEO da Transnordestina

Tufi Daher Filho quer que presidente acabe com a burocracia para um empréstimo de R$ 3,6 bilhões, dinheiro necessário na conclusão da ferrovia

Brasília

Um dos maiores projetos de infraestrutura do país, a ferrovia Transnordestina, que liga Eliseu Martins (PI) ao porto de Pecém (CE), foi mantida sob o comando do grupo CSN, de Benjamin Steinbruch, e agora enfrenta dificuldades para obter o financiamento necessário para a última etapa. Se tudo der certo, a via estará totalmente trafegável até 2027, com dez anos de atraso.

Tufi Daher, presidente da Transnordestina Logística (TLSA)
Tufi Daher, presidente da Transnordestina Logística (TLSA) - Divulgação

O presidente Lula disse publicamente que não faltaria dinheiro para a ferrovia. Por que o projeto emperrou novamente?
É preciso um decreto autorizando uma operação de R$ 3,6 bilhões com o FDNE [Fundo de Desenvolvimento do Nordeste]. Sem isso, a obra fica parada.

De quem é a culpa?
Isso [o decreto] estava parado no Ministério da Fazenda durante sete meses. Não tem cabimento o presidente da República prometer a liberação da obra e, por causa da burocracia, ela ficar parada. Lula pegou no meu braço [em visita à obra] e falou: ‘não faltarão recursos para a Transnordestina’. Eu só quero que se cumpra o que Lula me prometeu.

Que tipo de operação pendente é essa?
É um empréstimo para a Transnordestina que tem como avalista o grupo CSN. Se não pagar, dá vencimento da dívida lá na CSN.

A obra avançou muito. Foi com dinheiro de Steinbruch?
Ele já colocou R$ 4,2 bilhões, saídos do caixa da companhia, fora empréstimos. A CSN se comprometeu a colocar mais R$ 1,5 bilhão.

Mas Steinbruch deve ter renegociado dívidas para injetar dinheiro novo, não?
Ele alongou a dívida [o equivalente a R$ 1,5 bilhão] por cinco anos para finalizar a obra.

Nos projetos ferroviários de grande porte, como a Norte-Sul, o governo construiu a obra para que fosse licitada depois. Nesse projeto é o contrário. Mesmo assim, o governo terá alguma participação?
Metade desses R$ 3,6 bilhões a serem tomados com o FDNE é conversível em ações pelo governo.

A ferrovia foi modificada e um trecho foi cortado do projeto original no governo Jair Bolsonaro. No entanto, muitos investimentos já tinham sido feitos. Quanto devem receber de indenização por isso?
Cerca de R$ 4 bilhões, o equivalente a R$ 25 milhões por quilômetro já construído [em direção ao porto de Suape]. São cerca de 190 km ao todo. Mas há outras obras, até um túnel. Os valores ainda estão em discussão.


Raio-X | Tufi Daher

Engenheiro civil (PUC-MG), fez carreira em infraestrutura, boa parte dela ligada ao grupo CSN. É CEO da Transnordestina Logística desde 2022 e já presidiu a MRS Logística. Atuou na Ferrovia Centro-Atlântica e na Companhia Brasileira de Trens Urbanos. Também é cafeicultor em Minas Gerais.

Com Diego Felix

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