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Editada por Felipe Bailez e Luis Fakhouri, fundadores da Palver, coluna traz perspectivas sobre os dados extraídos de redes sociais fechadas

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Trump é condenado pela Justiça americana, mas absolvido nas redes bolsonaristas

Nos grupos de WhatsApp e Telegram analisados pela Palver, apoiadores de Bolsonaro consideram a condenação uma perseguição política

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Na última quinta-feira (30), aconteceu em Nova York, nos Estados Unidos, o julgamento do ex-presidente americano Donald Trump. De forma unânime, o júri considerou Trump culpado de todas as 34 acusações que pesavam contra ele. Trump estava sendo acusado de comprar o silêncio da ex-atriz pornô Storm Daniels, para que não revelasse informações sobre a relação de ambos.

O caso aconteceu no contexto das eleições presidenciais de 2016, em que Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos ao derrotar sua adversária, a candidata democrata Hillary Clinton. Contando com o voto conservador e religioso, os detalhes de uma relação extraconjugal poderiam ter influenciado no resultado das eleições.

Apesar da condenação judicial, Trump foi absolvido por apoiadores nas redes sociais, que seguiram toda a linha narrativa ditada pelo ex-presidente. Trump acusa o sistema Judiciário de ser parcial e passou a se autodenominar como preso político. Seus apoiadores reverberaram essa argumentação nas redes sociais.

Ex-presidente dos EUA está de pé, veste terno escuro, camisa branca e gravata vermelha
Donald Trump na Corte de Nova York - Justin Lane-28.mai.2024/Pool via Reuters

Não foi apenas nos Estados Unidos que Trump conquistou defensores nas redes sociais. No Brasil, segundo monitoramento da Palver de grupos públicos de WhatsApp e Telegram, usuários ligados a grupos de direita saíram em defesa do ex-presidente americano. As mensagens falam em perseguição e tentativa de influenciar as eleições presidenciais que irão ocorrer em novembro.

Diversas mensagens ligaram a condenação de Trump à Rede Globo, acusando a emissora de patrocinar uma campanha de difamação contra o ex-presidente. Em um vídeo que circulou nos grupos, um usuário, que se identifica como pastor, afirma que a Globo teme a volta de Trump, pois este teria capacidade de cortar recursos da emissora e prejudicar os programas da GloboNews.

Muitos usuários tentaram fazer a ligação de Trump a Bolsonaro, apontando que ambos passam por situações similares, uma vez que enfrentam acusações judiciais referentes ao tempo em que estiveram na presidência. A grande maioria acredita que Trump irá reverter a decisão nas próximas instâncias, pois consideram o julgamento falho e conduzido de forma política pelo juiz Juan Merchan.

Em uma postagem em sua conta oficial nas redes sociais, Eduardo Bolsonaro incentivou a comparação entre Trump a Bolsonaro. No mesmo tuíte, apontou que nos Estados Unidos não há Lei da Ficha Limpa, o que permite que alguém condenado pela Justiça possa ser eleito a cargos eletivos. O parlamentar argumenta que a ausência de tal lei é uma lição ao Brasil, pois limitaria o que chama de militância dos juízes.

Tanto nos Estados Unidos como no Brasil, o que se observa nas redes sociais é uma tentativa de descredibilizar o sistema Judiciário, a imprensa, as autoridades e a política. Essa é uma estratégia utilizada para manter a base de apoiadores inflamada e fiel, a despeito de qualquer tipo de acusação sofrida pela liderança. Observa-se, ainda, a tentativa de políticos de direita de desgastar os termos "condenado" e "criminoso" para que percam o efeito ofensivo.

Nos grupos em que se discute política, mas não há uma classificação ideológica, a notícia da condenação de Trump repercutiu seguida por análises referentes às eleições presidenciais, ficando em evidência as incertezas na disputa. Enquanto uma parte acredita que isso não afetará a popularidade do ex-presidente, alguns usuários defendem que isso pode dar energia à campanha de Biden.

Nos grupos de esquerda, imagens e vídeos em tom jocoso foram compartilhados pelos usuários. A principal mensagem trazia um print de um tuíte antigo de Eduardo Bolsonaro com os dizeres "Acontece nos EUA, acontece no Brasil", ironizando que a condenação de Trump seria sucedida pela de Bolsonaro.

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