Operação policial flagra bicicletas amarelas de aluguel na cracolândia
Ação contra tráfico acabou identificando bikes alvo de vandalismo em SP
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Agentes de segurança de São Paulo encontraram bicicletas do serviço Yellow na cracolândia, nesta quinta-feira (23). A apreensão ocorreu durante uma operação de busca de armas e drogas no quadrilátero que concentra usuários de narcóticos no centro da cidade.
A ação foi motivada por uma investigação que identificou a presença de armas de fogo e drogas em um prédio na rua Helvétia que funciona como cortiço. A operação, no entanto, terminou sem que qualquer arma fosse encontrada.
Foram apreendidos quase dez quilos de drogas e anotações de contabilidade do tráfico, além das bicicletas —ainda que elas não tenham sido apontadas no boletim de ocorrência, segundo informações da Secretaria da Segurança Pública.
A Yellow confirmou que três bicicletas de seu serviço de compartilhamento foram retiradas do prédio. Segundo a empresa, elas encontram-se em bom estado, apenas sem os cadeados eletrônicos. Devem passar por manutenção preventiva, ter os cadeados recolocados e voltar à circulação.
O serviço de aluguel de bicicletas compartilhadas sem estação fixa está disponível na capital paulista desde o início de agosto.
Nos últimos dias, fotos de vandalismo com os equipamentos têm circulado em redes sociais. De acordo com a empresa, três pessoas já foram indiciadas por envolvimento em casos de furto, roubo ou vandalismo do meio de transporte.
A Yellow afirma que o número total dessas ocorrências na cidade de São Paulo está abaixo do previsto e não preocupa as operações da empresa.
A empresa diz ainda ter um bom relacionamento com as polícias Civil e Militar, além da Guarda Civil Metropolitana (GCM), e que conta com equipe própria de recuperação para esses casos —as bicicletas são equipadas com GPS.
COMPARTILHAMENTO DE BICICLETAS SEM ESTAÇÃO
Como funciona
- Mapa no aplicativo (disponível para Android e IOS) mostra onde está parada a bicicleta mais próxima
- Sistema de QR code no celular destrava o cadeado da bike
- Após estacionar, é preciso travar o cadeado manualmente
- Mensagem no aplicativo registra o fim da viagem
Quanto custa
- R$ 1 a cada 15 minutos
- É possível comprar pacotes de créditos de R$ 5, R$ 10, R$ 20 e R$ 40
- Créditos têm validade de dois meses
- Pagamento é feito no aplicativo com cartão de crédito
Segurança
- Cada bicicleta possui rastreamento de GPS por chip instalado em locais diferentes
- Alarme apita quando há tentativa de mover a bicicleta após ter sido travada
- Componentes foram pensados para dificultar o reaproveitamento das peças
- Usuários são orientados a deixar as bicicletas na rua em locais onde o estacionamento de veículos é permitido, perpendicular à calçada
- 70 funcionários pedalam pelos pontos com maior concentração de usuários para detectar irregularidades
Vantagens
- Bikes podem ser deixadas em qualquer lugar
- Alternativa de transporte para distâncias curtas, de até 2km
- Estimula o uso da bicicleta como meio de transporte na cidade
- Preço cobrado por uma hora de uso é o mesmo da tarifa do transporte público
Desvantagens
- Sem muitos recursos, como sistema de marchas, as bicicletas exigem esforço de ciclistas sem condicionamento e não são indicadas para subir ladeiras
- Há ocasiões em que o aplicativo indica a presença de uma bicicleta em ponto onde não está mais estacionada
- Risco de ter o celular roubado na rua enquanto procura por uma bicicleta no aplicativo
- Disponibilidade concentrada em poucos bairros, sendo a maioria na zona oeste
500 bicicletas já estão circulando
20 mil bikes serão disponibilizadas até novembro
1.000 patinetes elétricos serão disponibilizados até o final do ano
Fonte: Yellow Bike
Cracolândia
Encabeçada pela Polícia Civil e agentes de seu departamento de combate ao narcotráfico (Denarc), a ação desta quinta contou com apoio da PM e da GCM. A equipe apreendeu 3,2 kg de maconha, 80 g de cocaína e 5,2 kg de material para mistura de drogas.
Alvo de políticas de de revitalização, a região da cracolândia teve confrontos entre usuários com guardas e policiais intensificados nas gestões municipais de João Doria e de seu vice e sucessor Bruno Covas (ambos do PSDB). Os embates se tornaram mais frequentes após operação do governo estadual em maio de 2017, que tentou desmobilizar a área de uso e tráfico.
Os confrontos normalmente decorrem de ações de zeladoria nas vias da área e por vezes resultam em saques a lojas da região. Como a Folha revelou, moradores da iniciativa de habitação popular feita pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) têm até aulas com a PM para viver no local.