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Proteção do lince ibérico será financiada até 2040 em Portugal

Estado de "conservação favorável" é o objetivo final para a espécie. A recente desclassificação, apesar de ser uma boa notícia, pode causar redução do financiamento que preocupa algumas comunidades espanholas.

Foi na passada quinta-feira que a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) considerou o lince ibérico "vulnerável" desclassificando-o de "ameaçado", uma melhoria na situação da espécie. Mas quer isto dizer que a melhoria pode significar menor financiamento da União Europeia para a conservação da espécie? 

Richard Kemp/Getty Images

As comunidades espanholas da Andaluzia e Castela-La Mancha, onde estes linces vivem em maior número, disseram ao jornal El País temer que a alteração do estatuto do animal seja motivo para uma potencial redução de financiamento que dê continuidade ao trabalho de conservação. Afinal, continuam a haver entraves à sobrevivência do lince ibérico, como é exemplo a escassez de coelho-bravo, o animal de que mais se alimentam. Também as caças furtivas que ainda acontecem e os distúrbios ao habitat natural provocados pelas alterações climáticas são outros aspetos a assinalar.

Em Espanha, o coordenador do Plano de Recuperação do Lince Ibérico na Andaluzia disse ao El País temer que o país tenha que investir mais dinheiro se a Europa reduzir o fundo. Contudo, Ramón Pérez de Ayala da WWF espanhola mantém que desde que o animal se mantenha no programa Life, é difícil que a ajuda seja alterada.

O que é certo é que pelo menos em Portugal, onde há cerca de 300 linces ibéricos, o financiamento para a proteção da espécie irá continuar até 2040. Quem o garante é João Alves, técnico do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), uma das organizações envolvidas no processo de proteção. Refere, por exemplo, o "trabalho feito ao abrigo do projeto Life Lynxconnect, cujo financiamento termina em 2025". Encontra-se ao abrigo do programa Life, desenvolvido pela União Europeia (UE), que tem conseguido fazer quatro intervenções à preservação do lince ibérico desde 2001, sendo a que termina em 2025 a última. O principal objetivo é, considerando os mais de 11 milhões de euros de orçamento concedidos pela UE, "ligar os núcleos de lince ibérico existentes numa metapopulação viável, funcional e autossustentável, onde o fluxo genético entre todos os núcleos seja garantido", lê-se no site oficial. 

Tudo isto para que se atinja o "estado de 'conservação favorável' destes linces, algo que apontamos conseguir entre 2035 a 2040 e para o qual continuamos a trabalhar", refere João Alves. Isto porque é necessário que existam pelo menos 750 fêmeas reprodutoras até estas datas, de modo a chegar aos 3000 a 3500 linces ibéricos, que já salvaguardam esse designação. "É por isso que é um trabalho de longa duração. É quase como 'passar a tocha' aos próximos que vierem e que se interessarem por estes animais", afirma João Alves.

A atualização da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da UICN vem no seguimento de campanhas intensas de proteção do animal, um trabalho que tem sido feito há mais de duas décadas e que envolve mais de 20 organizações. Os censos de 2023 referem a existência de mais de 2 mil linces ibéricos, quando em 2001 eram apenas 62.

Trata-se aliás da primeira espécie a eliminar duas categorias de ameaça da lista da UICN em apenas 21 anos. "Com trabalho conjunto, multidisciplinar, interpares e intergovernamental, aliado à coragem e vontade política, é possível recuperar espécies ameaçadas. Estamos orgulhosos de ter apoiado o lince-ibérico quando restavam menos de 100 exemplares na Península Ibérica", diz em comunicado de imprensa Vasco da Silva, coordenador de Florestas e Biodiversidade da ANP|WWF, uma das organizações envolvidas nas iniciativas de recuperação da espécie. 

Foi na passada quinta-feira que a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) considerou o lince ibérico "vulnerável" desclassificando-o de "ameaçado", uma melhoria na situação da espécie. Mas quer isto dizer que a melhoria pode significar menor financiamento da União Europeia para a conservação da espécie? 

As comunidades espanholas da Andaluzia e Castela-La Mancha, onde estes linces vivem em maior número, disseram ao jornal El País temer que a alteração do estatuto do animal seja motivo para uma potencial redução de financiamento que dê continuidade ao trabalho de conservação. Afinal, continuam a haver entraves à sobrevivência do lince ibérico, como é exemplo a escassez de coelho-bravo, o animal de que mais se alimentam. Também as caças furtivas que ainda acontecem e os distúrbios ao habitat natural provocados pelas alterações climáticas são outros aspetos a assinalar.

Em Espanha, o coordenador do Plano de Recuperação do Lince Ibérico na Andaluzia disse ao El País temer que o país tenha que investir mais dinheiro se a Europa reduzir o fundo. Contudo, Ramón Pérez de Ayala da WWF espanhola mantém que desde que o animal se mantenha no programa Life, é difícil que a ajuda seja alterada.

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