![É o amor que faz correr Sara Matos, que não esconde brilho no olhos com a fase que está a viver](https://cdn.statically.io/img/cdn.flash.pt/images/2023-12/img_177x111$2023_12_27_18_27_54_352395.jpg)
Diogo Lacerda Machado "é, de facto, uma pessoa que tem um jeito nato para procurar sentar as pessoas à mesa, para procurar encontrar soluções, para servir de mediador, para servir de conciliador e tem sido, aliás, bastante apreciado não só pelo Estado mas também pelos diferentes intervenientes". Foi assim que António Costa descreveu a personalidade do "melhor amigo" numa entrevista ao ‘Diário de Notícias’ em 2016.
Na mesma entrevista, Costa justificou o apoio do advogado no seu governo: "Diogo Lacerda Machado é o meu melhor amigo há muitos anos, temos uma relação muito próxima, já foi meu secretário de Estado. Por razões pessoais, não teve condições para poder exercer funções governativas".
Para o advogado de 54 anos, a amizade com o primeiro-ministro português colocava no seu caminho mais obstáculos do que benefícios. "Diria mesmo que beneficiado quase nada. Porque tem havido oportunidades a que digo que não, porque a última coisa que podia permitir era extrair um benefício dessa amizade", declarou numa entrevista à ‘Sábado’.
Os dois conheceram-se há 41 anos numa aula de História das Instituições na faculdade de Direito, e dividiram os momentos mais importantes da vida, como algumas decisões pessoais.
Costa não sabia o que queria fazer após o curso e recebeu o conselho do amigo. "Darias um ótimo advogado, mas vais ser político porque tens gosto. É visível", recordou Lacerda Machado na conversa com a ‘Sábado’.
Em 1988, Costa deu o nome do amigo a Manuel Magalhães e Silva, então secretário-adjunto para a Administração e Justiça de Macau, que estava a procura de alunos de Direito, o que levou Lacerda Machado a trabalhar com Eduardo Cabrita e Pedro Siza Vieira em Macau nos anos seguintes.
Por esta altura, já Lacerda Machado tinha acompanhado a história de amor de António Costa e Fernanda Tadeu na faculdade, tendo sido depois padrinho de casamento do casal. "Foi uma conquista do António: manifestamente gostava muito dela e foi ele que a foi conquistar. E ela deixou-se", descreveu o advogado à ‘Sábado’. "O copo de água foi na rua do Ouro [em Lisboa]. Nós os quatro - eu, a madrinha, ele e a mulher - fomos comer hambúrgueres ao Abracadabra, que já não existe."
Anos mais tarde, Lacerda Machado regressou de Macau e foi trabalhar no Ministério da Justiça de António Costa como secretário de Estado, no governo de António Guterres.
Quando Costa chegou à cadeira de primeiro-ministro em 2015 tinha no seu amigo a confiança para negociar questões-chave do governo, com o caso do BES e a reversão da privatização da TAP. Na companhia aérea também foi nomeado administrador não-executivo.
Agora, Lacerda Machado vê-se a braços com a justiça depois de ter sido constituído arguido na terça-feira, 7, no âmbito da ‘investigação Influencer’, sobre tráfico de influência nos negócios do hidrogénio e do lítio, uma investigação que levou António Costa à demissão naquele mesmo dia.
Numa série de escutas que foram divulgadas na imprensa nacional, Diogo Lacerda Machado foi apanhado a tentar resolver uma questão de interesse da empresa Start Campus. "Tá bem. Eu vou decifrar essa, se é Economia ou Finanças. Vou começar por aí e depois logo lembro como tomamos a iniciativa de suscitar e sugerir. Se for Finanças, eu falo logo com o Medina ou com o António Mendes, que é o secretário de Estado. Se for Economia, arranjo maneira depois de chegar ao próprio António Costa", disse ao CEO daquela empresa, Afonso Salema, citado pela ‘CNN’.