Avaliações de clientes

Avaliado no Brasil em 6 de fevereiro de 2021
Partilho da opinião que esse não é um livro que você deveria recomendar muito menos presentear a alguém. Não o considero um essencial, é um livro para poucos, para curiosos e corajosos. Assim como aconteceu comigo, acho que ele deveria ser descoberto de forma orgânica (por acaso ou coincidência, que seja) e caso lhe desperte algum interesse, após pesquisar sobre a obra, possíveis gatilhos e assistir a algumas reações - de preferência, sem spoilers - decidir por sua conta e risco lê-lo ou não. Acredito que cada um sabe o que é melhor pra si e o que suporta, e também tudo bem achar que dá conta e em determinado momento ver que estava errado e abandonar a leitura.

Subestimei o poder (desestabilizador) emocional do livro, o desafiei, achei que não iria me impactar como muitas outras pessoas que vi, pensei que não ia chorar e chorei, senti mal estar/angústia incontáveis vezes e em algumas passagens tive uma sensação corporal dolorosa que beirava o físico. Atuo na área de saúde mental, já li bastante materiais acerca de assuntos que o livro aborda, e existem coisas que só sentindo na pele que sabemos (que ainda bem eu e muitas pessoas não vivenciamos e outras, infelizmente, sim), mas essa obra me aproximou muito nesse quesito, me trouxe uma lição valiosa e um conhecimento maior do que é viver com um trauma e também conviver com quem o vivencia.

O livro é muito detalhado, o que as vezes é sádico, mas também te imerge na história de forma espetacular, você se apega aos pernsonagens e as suas histórias. É uma obra muito boa, não me arrependo do investimento financeiro, emocional e de tempo que dediquei a ela, mas não consigo colocá-la como uma das minhas favoritas. Um pouco disso se deve a forma de escrita da autora, infelizmente não me identifiquei, não por ela não ser contada de forma linear, mas as vezes essa falta de linearidade se tornava muito confusa, me perdi na história diversas vezes, em alguns momentos a leitura se arrastava e a quantidade de personagens que em determinado momento só se multiplicavam também era confusa e difícil de fazer associações de quem era quem e qual foi a característica minuciosa que a autora deu a tal carácter. Um possível segundo motivo que o fez não e entrar para os favoritos (pelo menos AINDA não) é porque a leitura está fresca e as vezes ainda me pego pensando na jornada emocional que foi lê-lo, em Jude, e por fim só queria finalizá-lo, colocá-lo na minha estante, cessar o incomodo que sua leitura me causava e tentar esquecer aquilo tudo por um tempo. Ele tem muito potencial para entrar para os favoritos mas algo ainda me contém. Se o objetivo de Hanya Yanagihara com sua escrita quase sádica era esgotar e impactar emocional e profundamente o leitor, parabéns. Ela alcançou seu objetivo com louvor.

Depois e apesar de tudo isso, a estrela retirada é só por conta da editora que deveria ter sido mais cautelosa com a impressão ainda mais levando em consideração o preço do livro. Um tanto de páginas com a margem torta, diversas páginas que tinham parágrafos inteiros com a tinta estourada que a fonte parecia estar em negrito, mas isso aconteceu, principalmente com a letra 'e' ao longo de todo o livro, e também tem uma grande quantidade de falhas na impressão, letras incompletas, falhadas. Poxa, Record!
82 pessoas acharam isso útil
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