• Claudia Arruga
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Diane Keaton em cena do filme "Alguém Tem que Ceder" (Foto: Reprodução)

Diane Keaton em cena do filme "Alguém Tem que Ceder" (Foto: Reprodução)

Agora que já me apresentei, confesso que passei algum tempo na dúvida sobre qual tema trazer para essa semana. Afinal, depois de um ano conversando digitalmente com mulheres que diariamente trocam suas experiências comigo, o que não faltam são bons e produtivos assuntos. Dúvidas, expectativas, ambições, desejos, frustrações, quantas coisas que a maturidade nos traz e que merecem um diálogo bacana e sincero.

Mas quis falar hoje sobre uma palavra que há bem pouco tempo eu não conhecia: perimenopausa. Ok, pode ser que vocês estejam cansadas de falar sobre isso, mas ficariam surpresas em saber a quantidade de mulheres que desconhecem essa palavra ou essa fase da vida que todas nós, sem exceção, vamos passar. Porque ao nos aproximarmos dos 50 anos, a tão temida menopausa já está nos espreitando. Ela é aquele susto que sabemos que vamos tomar no trem fantasma. Inevitável e esperado, o pulo no carrinho é precedido por pequenos momentos de terror.

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Sabem os corredores escuros por onde deslizamos nesse trem e não sabemos exatamente o que está acontecendo? Essa é a perimenopausa. E se a menopausa é marcada pelo fim do ciclo menstrual, ok, ficou definido um marco. Mas alguém já contou pra vocês o que acontece antes disso? Eu realmente não tinha a menor idéia. 

No meu caso, meu humor começou a oscilar tremendamente aos 47 anos: eu acordava amando o meu marido. No meio do dia estava a ponto de mandar uma mensagem pedindo pra ele não voltar pra casa. Às seis da tarde quase implorava  que viesse mais cedo porque queria beber um vinho branco gelado no maior romance. Isso se eu não tivesse erguido antes uma muralha ao meu redor que me permitisse ficar sozinha. No quarto. Assistindo “Gilmore Girls”.

Comecei a ficar chata. De verdade. Implicava com tudo e com todos, a ponto de ter uma intervenção familiar me aconselhando a procurar um terapeuta. Urgentemente.
Uma TPM diária apareceu do nada, daquelas que não me derrubaram na adolescência. Sentia um Alien crescendo dentro de mim com um furor assassino. Meu marido não sabia se mandava me benzer ou me exorcizar. 

E para compensar esses sintomas, afinal eu queria um pouco de mimo, comia com a maior cara de pau um pote de Nutella numa tarde (dos pequenos, deixo aqui bem claro, mas por favor...). Minha pele começou a secar visivelmente. Meus cabelos afinaram. Minha energia despencou. Eu acreditava que estava passando por uma fase depressiva, não sabia o porquê daquela melancolia. Eu, que sempre fui plugada no 220W, queria passar minhas manhãs na cama.

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O susto esperado no trem fantasma não chegava, mas estava no escuro total e sem saber o que estava me acontecendo. Corri para o meu ginecologista em busca de uma poção mágica, um pó de pirlimpimpim qualquer, uma dica que me tirasse daquele limbo. Porque eu tinha 47 anos, oras, a menopausa pra mim ainda estava a anos luz de distância. E incrivelmente a palavra “perimenopausa” sequer foi mencionada na consulta. Saí do consultório com um pedido de exame de sangue e uma frase de consolo : “não temos muito o que fazer”.

Como assim? Era isso? Acabou? Meus hormônios, depois de devidamente estudados, indicaram que eu ainda ovulava e que não estava na menopausa ainda. Onde eu me encontrava então e porque não me reconhecia mais? Que labirinto era aquele?
Eu estava na perimenopausa, antigamente chamada de “climatério” (essa palavra me assusta, vocês não?) e não sabia. Me resignei a repôr alguns hormônios e esperar o pior.

Foi só quando criei meu perfil no Instagram e descobri comunidades inteiras dedicadas a esse assunto que me veio o conforto: estou em casa! O que eu sinto é normal. Milhares e milhares de mulheres estão vivendo isso agora, as mesmas questões que eu!
Lia tudo o que encontrava sobre a perimenopausa, e gabaritei todos os itens da lista.

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E ao invés de me descabelar ao entender que finalmente estava chegando o tão temido momento, o encontro com a palavra que ninguém quer pronunciar (um Voldemort feminino, pra quem acompanhou a saga de Harry Potter), relaxei. Quando realizei que o que eu sentia tem nome, perimenopausa, os sintomas passaram a ficar mais claros e definidos.
Minha falta de ânimo, exaustão, pele seca, cabelo fino, insônia, irritação, mau humor, baixa libido, tudo catalogado e com uma certeza: sou uma mulher normal que está parando de ovular aos poucos. Resolvi me preparar pra essa nova fase, e da melhor forma que eu puder. 

E só para finalizar: fui em busca de um novo médico (no caso minha ginecologista querida) que realmente me deu um pó de pirlimpimpim. E as tão esperadas palavras de conforto.
Mas isso é tema para várias e várias conversas, que ainda vamos ter por aqui.
Um beijo grande e até a semana que vem.