Lady Gaga, no papel de Patrizia Reggiani, em cena de House of Gucci, atualmente em cartaz no cinema. Este é um dos 54 looks que Gaga usa no longa, um misto de peças de arquivo da Gucci e da Yves Saint Laurent, que Patrizia tanto apreciava (Foto: Divulgação)

Lady Gaga, no papel de Patrizia Reggiani, em cena de House of Gucci, atualmente em cartaz no cinema. Este é um dos 54 looks que Gaga usa no longa, um misto de peças de arquivo da Gucci e da Yves Saint Laurent, que Patrizia tanto apreciava (Foto: Divulgação)

"Gucci era um nome que soava tão doce, tão sedutor. Eles tinham tudo: riqueza, estilo, poder. Quem não mataria por isso? Mas o sobrenome também carregava uma maldição”. A fala de Lady Gaga nos minutos iniciais do longa House of Gucci já indica o combo que garante o sucesso do filme fashionista mais aguardado do ano: romance proibido, disputa, traição familiar e um polêmico assassinato.

O longa dirigido por Ridley Scott estreou em 25.11 e foi inspirado no livro-reportagem homônimo escrito por Sara Gay Forden, que detalha como a socialite Patrizia Reggiani (Lady Gaga) encomendou o assassinato do ex-marido e herdeiro da grife italiana Maurizio Gucci (Adam Driver). A jornalista faz uma investigação de como o crime mudou os rumos da marca em uma extensa apuração de mais de cem entrevistas. “A dinastia Gucci era quase uma realeza italiana dentro da indústria da moda, e sua destruição veio de dentro da família. O filme é uma comédia de erros que se transforma em tragédia”, define o diretor em entrevista à Vogue.

O longa, que demorou mais de 20 anos para sair do papel, acompanha mais de duas décadas de legado e disputa familiar. O reservado Maurizio deseja ser advogado e não quer se envolver na etiqueta. A contragosto de seu pai, Rodolfo Gucci (interpretado por Jeremy Irons), ele se casa com a ambiciosa Patrizia Reggiani e perde temporariamente as regalias como herdeiro, vivendo uma vida mais simples trabalhando na transportadora da família da esposa (que possui fortes indícios de ser, na verdade, parte da máfia italiana). “Acredito que Patrizia realmente amava Maurizio e não era uma simples oportunista querendo dar ‘o golpe do baú’”, conta Gaga durante coletiva para imprensa internacional em que Vogue participou. “Optei por não ler o livro e fazer minha própria pesquisa jornalística sobre a vida de Patrizia, afinal ela mentia em muitas entrevistas”, relembra.

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Definido pelo elenco como um ato de ópera em três partes, Lady Gaga explica que mergulhou tanto na personagem trabalhando em seu sotaque e fisicalidade, que passou 12 meses agindo dentro e fora do set como se fosse Patrizia. “Ela queria muito ser levada a sério pela família, mas sua aceitação foi apenas uma ilusão. Ela sempre foi uma forasteira”, defende Gaga, que tem grandes chances de arrematar uma indicação ao Oscar de melhor atriz pelo seu desempenho convincente e impactante no papel. O filme também presta tributo a figuras icônicas da moda e das artes como Karl Lagerfeld, Andy Warhol e Grace Jones, recriando cenas de festas lendárias no Studio 54, e reproduz minuciosamente desfiles icônicos como o de 1984, da Versace, e o de 1995, de Tom Ford na Gucci.

Lady Gaga também brilha graças à afiada interação com Salma Hayek, que interpreta na produção a vidente Pina Auriemma, a quem Patrizia corre em busca de auxílio, e que acaba se tornando cúmplice do assassinato de Maurizio. “É a perda do amor que leva Patrizia à loucura”, diz Salma. Essa virada também é impulsionada pela chegada de Paola Franchi, amiga de infância de Maurizio, interpretada por Camille Cottin (conhecida pela série francesa Dix Pour Cent). “Ela é a amante que aparece sempre de branco, porém nunca pôde ser a noiva que desejava”, explica a atriz mexicana.

“Acredito que o público ficará surpreso com as complexidades e reviravoltas desta história”, adianta a figurinista Janty Yates, que mergulhou nos arquivos da marca italiana para vestir – impecavelmente – os protagonistas do longa. Seja pelo roteiro bem amarrado sobre um trágico crime, seja pelo figurino de encher os olhos ou pela química entre os atores, House of Gucci cobre com primor o auge, a queda e o renascimento da grife italiana e encerra o ano com fortes doses de moda, drama, e emoção.