• Thiago Baltazar (@thiagobaltazar)
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6 termos racistas e xenofóbicos para não usar mai (Foto: Divulgação)

6 termos racistas e xenofóbicos para não usar mai (Foto: Divulgação)

Uma das formas de reduzir o preconceito social contra pessoas com algum tipo de deficiência, seja física ou intelectual, é retirar do vocabulário alguns termos populares, porém, muito ofensivos para descrever esta população.

Mongol, incapacitado e ceguinho são exemplos do que não se deve dizer em nenhuma situação, pois caracterizam uma forma de capacitismo, ou seja, discriminação contra pessoas com deficiência.

Vogue conversou com o linguista Thomas Finbow, doutor do Departamento de Linguística da USP, para entender por que certos termos precisam ser eliminados do vocabulário.

O especialista é autor de um estudo que identificou mais de 300 palavras de cunho racista, LGBTfóbico, xenófobo, capacitista e sexista que podem ser substituídas por sinônimos mais adequados. Do levantamento feito pelo linguista, nasceu o app Teclado Anti Preconceito, que fornece substituições toda vez em que uma forma de preconceito é escrita no celular.

MONGOL (substitua por deficiente intelectual)
Este termo, segundo o especialista, representa dois tipos de preconceito numa palavra só. “Primeiro, marca uma forma de racismo contra o próprio povo asiático da Mongólia, que evidentemente, não é portador da Síndrome de Down ou de qualquer outra deficiência mais do que qualquer outro grupo'', explicou. “Além disso, há uma forte rejeição da comunidade de portadores da Síndrome de Down --que é , afinal, o motivo mais relevante para abandonar qualquer termo considerado pejorativo”. Thomas também argumenta que não há qualquer base científica para associar este termo com a
síndrome cromossômica a que se refere.

INCAPACITADO (substitua por deficiente)
A deficiência, seja ela qual for, não impede a pessoa de ter uma vida plena e de contribuir com a sociedade, por isso não se deve usar a palavra “incapacitado”. “Faz sentido descrever Beethoven como ‘incapacitado’ devido a sua surdez? questionou Thomas.

INVÁLIDO (substitua por deficiente)
Este termo não deve ser usado pelos mesmos motivos pelos quais evita-se a palavra “incapacitado”. “A pessoa ‘vale menos’ do que alguém sem uma restrição física ou mental?”, perguntou Thomas. “Ao descrever alguém como ‘inválido’ parece que você está classificando a pessoa como algo subumano ou está dizendo que ela participa menos na humanidade”. Além disso, é importante evitar ao máximo definir o indivíduo por sua deficiência.

CEGUINHO/MUDINHO (substitua por cego/mudo)
Não use o diminutivo para se referir a uma deficiência, pois isso não irá reduzir o grau de ofensa, explicou Thomas. “No caso de mudinho, a falta de oralidade não implica na incapacidade comunicativa ou na inteligência. Aliás, falar assim destaca a ignorância generalizada de LIBRAS na população”. Outro problema em usar diminutivos é o senso de pena que eles transmitem. “As pessoas não gostam de ser retratadas como ‘coitadinhas’. Muitas vezes, a deficiência impacta apenas alguns aspectos da sua rotina e, na maioria dos casos, não torna o indivíduo insatisfeito com sua vida, nem faz com que ele inveje especialmente a vida de quem não tem deficiência”, concluiu.