• LUANDA VIEIRA (@luandavieira)
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Adut Akech para a Vogue UK (Foto: @nadineijewere )

Adut Akech para a Vogue UK (Foto: @nadineijewere )

Assim como as lives no Instagram, os óleos essenciais fazem parte dos itens e situações oficiais da quarentena no Brasil. Muito já se falava sobre eles em rodas de wellness, como práticas de ioga e aulas de meditação, mas no último ano o produto e seus benefícios furaram a bolha "good vibes" e aumentaram, inclusive, a procura por difusores. Toda essa movimentação fez com que esgotássemos os estoques dos óleos de lavanda ou qualquer outro com função calmante, certo? Mas você já pensou que, de repente, não basta escolher apenas a essência?

Como qualquer produto, os óleos essenciais também necessitam cautela na hora de investir. Pensando nisso, conversamos com a engenheira cosmética da WNF e Diretora Científica da Vegana, marca de cosméticos naturais e totalmente veganos, Cristiane Pagliuchi, sobre as principais coisas que devemos saber antes de comprar.

Confira:

1. Quais cuidados devemos tomar na hora de escolher e comprar óleos essenciais?

No momento de decisão da compra, saber ler o rótulo dos produtos faz toda a diferença.Para não ser enganado, verifique sempre a parte frontal e o contra rótulo dos produtos. A composição de um óleo essencial puro deve ter somente o nome botânico da planta, ou seja, seu INCI NAME. Não pode ter mais nenhum outro componente na sua formulação ou composição. No caso do óleo de lavanda francesa, por exemplo, sua formulação ou composição deve ser somente o nome da espécie botânica, da planta em si (Composição = Lavandula angustifolia ou Lavandula officinalis).

Além disso, os óleos devem ser livres de conservantes, sem parabenos, sem silicones e sem corantes. A empresa que faz a importação e o envase deve ter auto de funcionamento, registro na ANVISA e consequentemente um farmacêutico ou químico para ser o responsável pelo produto. Fique de olho também na legitimidade da empresa e na sua tradição de mercado.


2. Quais são os selos e certificações que devemos exigir na hora de comprar um óleo essencial?

O óleo essencial é um princípio ativo vegetal concentrado, extraído de plantas aromáticas aplicado na aromaterapia, em protocolos de bem-estar, equilíbrio do corpo, estética e saúde. Por ser extraído de plantas, o importante é saber a procedência das plantações, os métodos aplicados para a extração do óleo, rastreabilidades envolvidas e conhecer a empresa que está comercializando os produtos. Por princípio básico, as empresas não devem testar seus produtos em animais e devem de alguma forma trabalhar na sustentabilidade do planeta. Os óleos essenciais devem ser 100% puros e veganos. Para ter selo de orgânico a plantação deve ser certificada orgânica, ou seja naquela plantação não foi utilizada agrotóxicos ou químicas agressivas e o processo de extração do óleo está todo certificado do começo ao fim.

Em alguns casos, o produto mesmo não tendo selo orgânico pode estar classificado como ÓLEO PREMIUM. Na maioria são óleos importados de ótima procedência e que apresentam cromatografia gasosa e perfil cromatográfico, dentro de alguns parâmetros internacionais e com moléculas majoritárias que proporcionarão a funcionalidade terapêutica do ativo do óleo no organismo. Nesses casos os óleos são classificados como PREMIUM (pois estão dentro de referências e normas internacionais) e poderão ser administrados em diversas terapias de saúde e beleza, sem qualquer discussão. O consumidor tem o direito e pode pedir para a empresa que comercializa o óleo alguns documentos internos (perfis cromatográficos) que garantem a procedência, qualidade e rastreabilidade do óleo essencial, durante todo o processo desde o cultivo até o envase.

Pesquisar a empresa que está por trás da comercialização dos óleos essenciais é fundamental. Descubra a quanto tempo ela está no mercado, qual a sua atividade principal, legitimidade e comprometimento com o cliente.  Que tipo de certificações essa empresa tem? Possui ISO 9001? Em quais organizações essa empresa está envolvida? Que selos ela possui e como ela está posicionada no mercado?


3. Quais componentes não devem ter, de jeito nenhum, em um frasco de óleo essencial?

Não podem fazer parte da composição dos óleos essenciais puros matérias-primas conservantes, corantes, silicones, parabenos, propilenoglicóis, óleo mineral, entre outros. Porém, o óleo pode estar diluído e, nesse caso, estar pronto para uso e provavelmente associado a alguns veículos como óleos vegetais, óleo de rícino (castor oil), miristato de isopropila (polymol IPM) ou Trigliceride caprilico (CAPRIC).


4. A partir de que idade pode usar óleo essencial? Existe alguma contra indicação?

A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é o órgão brasileiro regulamentador dos produtos cosméticos ligados a HPPC (higiene, pessoal, perfumaria e cosméticos). Esse órgão regulamenta o formato de utilização dos produtos no mercado e coordena a proteção da saúde da população por intermédio do controle sanitário. Acima de 12 anos não é necessário nenhum teste de segurança para o uso dos óleos essenciais. As dosagens e protocolos devem ser conforme a funcionalidade e objetivo que desejar usar. Para menores de 12 anos, o  ideal é sempre consultar um médico, pediatra ou terapeuta para a utilização correta dos óleos essenciais. Lembrando que eles podem ser utilizados no ambiente, por difusão aérea através do olfato ou misturados com bases carreadoras e serem utilizados no corpo, por permeação cutânea. A contra-indicação é não usar puro na pele. Use sempre misturado a bases carreadoras que podem ser óleos vegetais, cremes neutros ou gel neutro. Não ingerir, sem indicação médica. Uma gota de óleo essencial são aproximadamente 30g de planta in natura, imagine a ingestão de 5 ou mais gotas, 3 vezes ao dia? Você estará ingerindo aproximadamente 500g de planta em um dia, podendo sobrecarregar rins e fígado.

5. A utilização de óleos essenciais sem procedência, assim como a forma incorreta de consumo pode causar que tipos de danos para a pele e o organismo?

O uso incorreto dos óleos essenciais com a aplicação do produto diretamente na pele pode gerar dermatite, erupções ou queimadura do tecido cutâneo. Já a ingestão dos óleos essenciais sem acompanhamento médico pode apresentar possíveis danos no sistema digestório, com sobrecarga nos rins e fígado.