• Tati Loureiro (@tati_loureiro_)
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Metaverso (Foto: Alexandre Furcolin / Acervo Vogue)

(Foto: Alexandre Furcolin / Acervo Vogue)

Eu estava muito feliz com a minha entrada no TikTok. Muito. Depois de relutar e questionar as dancinhas, entendi que era inevitável estar ali. Trabalho com produto e com imagem e não acompanhar o mundo é ficar para trás. Demorei um pouco, é verdade, mas entendi que o espaço traz muitas outras possibilidades. Pensei numa forma que fizesse sentindo para mim e mergulhei feliz. Mergulhei não: na verdade eu coloquei a pontinha dos pés. Dois posts, mas já era um começo para me deixar feliz por estar em dia com o universo e com a concorrência.

Só que... aí eu começo a ser bombardeada por notícias que envolvem a moda e o metaverso. Eu não sei você, mas eu estou exausta: por mais que eu corra atrás, sinto que eu estou sempre devendo.

Não é de hoje que a revolução digital chegou (não só) na moda. Mas, aceleradas pela pandemia, as possibilidades alcançam outro patamar. O metaverso é a terminologia usada para indicar um tipo de mundo virtual que tenta replicar a realidade, um espaço coletivo e virtual, a soma de realidade aumentada e virtual. Isso é a síntese, tá? Dizem os sites de tendência que a tal realidade é um caminho inevitável para as marcas. Na pesquisa da Forrester Research (Predictions 2022 Guide), 80% dos consumidores responderam que veem o mundo como totalmente digital, sem divisões. Ok, você deve estar pensando, “a internet já está aí há tempos”. Acontece que para varejistas, como eu, a realidade aumentada agora oferece a possibilidade de novas experiências. Sabe o bom e não tão velho carrinho do e-commerce? Então, agora ele pode ser uma vendedora interativa e personalizada. Mais do que poder ser, ele já é pra algumas marcas. Um exemplo da mudança: o avatar da rede Magazine Luiza, a Lu, foi eleita Virtual Influencers of 2022, a influenciadora virtual mais seguida do mundo com aproximadamente 55 milhões de seguidores. Marcas importantes migraram seus desfiles para realidade virtual. Tem mais: Gucci, Prada, Nike e outras estão investindo em lançamento de coleções em NFT, os tais tokens não-fungíveis. NFT, criptomoedas, tudo muito, tudo novo.

A tecnologia apresenta novas maneiras de pensar a experiência do cliente. E isso é ótimo, claro. Mas como é que faz? Para chegar nesse lugar, precisa de investimento alto e, também, de mudança. Rebranding é essencial, mas o tempo todo? Não dou conta. Eu ainda acredito que a minha maior conexão com meu público está na troca real, em oferecer um bom produto na marca, presencial ou online, e complementar com a minha imagem real, que vem cheia de vulnerabilidade. Sinceramente, eu acho que tem funcionado com o meu público. Mas e a nova geração? Será que ela vai se atrair por isso? Será que a minha filha não vai ser uma cliente 100% metaverso? Provavelmente. Ou não. Assim como a gente foi buscar o handmade, torço para que a experiência real, a do olho e do toque, nunca acabe.

Por aqui, sigo meio digital, meio analógica, meio loja, meio internet, tentando controlar a minha ansiedade e ao mesmo tempo sobreviver enquanto negócio nesse mundo que não para. Eu estou aberta para o novo, mas tenho o meu tempo – ou tento ter. Não quero meter os pés pelas mãos, não quero ficar para trás, mas, acima de tudo, não quero enlouquecer. Quem escreve o futuro é a gente. Metaverso, calma, uma hora eu chego.