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Ju Ferraz  (Foto: Leca Novo/Divulgação)

Ju Ferraz (Foto: Leca Novo/Divulgação)

Essa já é a minha terceira semana em casa. Já faxinei todos os cômodos e já mexi nas gavetas e armários em busca de encontrar coisas que não me servem mais e que, depois de separadas, foram para o lixo ou para doações.

Já vasculhei também um monte de sentimentos. Já fui do ódio à tristeza, já passei pela ansiedade e pela aceitação, pela resiliência e pela vontade de gritar na janela. Coisa que fiz. Mais de uma vez. Sim, cheguei na janela e dei um bom grito, para colocar para fora tudo e mais um pouco.

Lidar com montanhas-russas sentimentais sempre foram uma constante na minha vida. Mas nada me preparou para que a estamos vivendo agora. Uns mais outros menos, todo mundo vai passar pelo mesmo loopping, pela mesma subida e pela mesma descida dessa montanha-russa.

Por isso é importante estarmos vasculhando não só as gavetas físicas, mas também as metafóricas, as gavetas da nossa cabeça, em busca de encontrar alguma luz de como passar por esse momento de forma menos aflitiva. E nada como entender seus sentimentos, seus gatilhos e suas limitações.

Mas uma faxina que tem se mostrado ainda mais importante nesses dias de quarentena é o de quem a gente segue nas redes sociais. Já vinha pensando - e falando - sobre isso há algum tempo. Sobre como o seu feed, e, portanto, as pessoas que vocês segue são capazes de mudar o seu humor: para o bem e para o mal.

Tenho problemas de autoaceitação e com o meu corpo, por exemplo, então tenho seguido cada vez menos pessoas que estão sempre em busca de se adequar a um padrão inalcançável pela grande maioria e cada vez mais pessoas com mensagens de corpo positivo, pessoas de vários tamanhos e que estão tentando ficar bem dentro da pele que habitam.

Tenho compulsão alimentar, então evito perfis que me fazem querer comer o tempo inteiro. Sou uma pessoa diagnosticada com ansiedade, então, principalmente nesse momento, tenho evitado seguir, ou pelo menos ver os posts e stories, de pessoas que ficam falando só sobre a doença, só postando notícias ruins.

Não que a gente tenha que ser Poliana e alienada. Longe disso. A gente precisa estar consciente de tudo o que está acontecendo e se eu quiser me informar e ler sobre o período tenebroso que estamos vivendo, eu ligo a TV no noticiário ou abro a página principal dos sites de notícias que eu confio.

Tenho cada vez mais tentado transformar o feed do meu perfil no Instagram em um momento de alívio no dia, de lazer, de coisas bonitas e leves, que me façam respirar um pouco. Essa faxina virtual tem me feito bem, tem me feito repensar sobre valores que quero seguir alimentando e sentimentos que eu quero desenvolver agora e quando tudo isso passar. Vamos juntas?