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Por Ju Ferraz (@juferraz)


Ju Ferraz, colunista do Vogue Gente, divide como lida com recaídas de compulsão alimentar (Foto: @lecanovo) — Foto: Vogue

Já contei aqui algumas vezes, mas é sempre bom repetir, para contextualizar e trazer para discussão também quem acabou de me conhecer e chegar a este espaço. Eu tenho compulsão alimentar, sofro de ansiedade e acabei de sair de um burnout. Estou em um processo de autoconhecimento e autocuidado, tenho cuidado da cabeça e do que eu como, aprendi a dizer não e já deixei para trás muitos quilos da balança e outros tantos pesos metafóricos.

Às vezes a gente acha que aprendeu, que entendeu os gatilhos que nos levam a perder o controle e que não vai errar o mesmo erro de novo. Mas a vida mostra que se você não está atento, tudo volta a ser o que já não era para ser. Estou falando que há uns dez dias eu deixei a ansiedade, os medos e os nãos que levei tomarem conta de mim. Quebrei a dieta, sai da rotina e me emburaquei.

Quando percebi que estava fazendo o que sempre fiz, parei, coloquei atenção e percebi que precisava deixar esse automático de lado e voltar para o meu caminho. Não é porque eu estou tendo sucesso no meu processo de autoconhecimento que estou imune à compulsão alimentar que sempre me acompanhou.

Pensei se deveria falar sobre isso aqui, e decidi que sim: pois serve de exemplo de que nada nem ninguém é perfeito e que quando a gente divide nossas angústias o caminho fica mais fácil. É preciso estar atento e forte.

Dia desses, no meio do furacão da ansiedade, acordei às 5 da manhã com um insight: precisava organizar a minha mente para enfrentar a época mais importante e desafiadora do ano: o verão. Para muitos ele é sinal de diversão, mar, sol e praia. Para mim, ele chega junto de muito trabalho, pois é quando coloco na rua dois dos mais importantes eventos dos quais sou responsável por captar cotas de patrocínio: @reveillon1 e o @camaroten1.

Vai ser tudo lindo e especial, mas para chegar até lá é preciso muito trabalho em equipe, disposição e network para fazer tudo acontecer. Por muito tempo eu me senti confortável em trabalhar no caos. Não era culpa de ninguém o caos, era só minha. Sempre acreditei que o mais importante é o trabalho e o menos importante era minha saúde mental. Mas, de uns tempos para cá, tudo isso mudou. Para enxergar o problema, é preciso ter autocontrole. E como eu faço para tentar retomar o autocotrole? Vou dizer coisas que funcionam para mim e que podem funcionar para vocês.

Para diminuir a ansiedade, resolvi procurar uma aula de yoga. Uma vez por semana vou ter aulas em casa com uma professora, para me desconectar, respirar e deixar todos os problemas do lado de fora. Pelo menos por uma horinha.

Fazer massagens. Pode parecer bobagem, mas no momento em que estou na mesa de massagem eu fico mais lúcida, consigo ter mais forças para lidar com as questões que me afligem. É como se realinhasse não só o meu corpo, mas também quem eu sou por dentro.

Um outro tratamento que tem sido muito útil e transformador para mim é a terapia neural, feita pela médica Ana Teresa Mello, da clínica de Patrícia Davidson, minha nutricionista. A Terapia Neural busca neutralizar focos de irritação no sistema nervoso central para que o organismo consiga finalmente se auto-regular e buscar um novo estado de equilíbrio.

Isso é feito por meio do uso de um anestésico local diluído injetado nos locais de provável irritação. Esse procedimento é muito bem tolerado e promove um “reset”, uma repolarização da membrana das células daquela área, o que restaura, na maioria das vezes, a condução nervosa apropriada. E coloca aquela região novamente em contato com sua capacidade de autoregulação.

Atenção aos sinais. Por conta do meu histórico, anos de análise e saber reconhecer os meus gatilhos, eu consigo, agora, identificar quando começo a ficar esquisita e ter recaídas. Então, trato logo de me movimentar e procurar caminhos que me façam sair dessa crise.

Algumas vezes dão mais certo do que outras, mas, como disse, é preciso estar atento e forte.
Pedir ajuda. Não pense que sozinha você vai sair do buraco. Procure ajuda profissional, seja de médicos, de terapeutas, de profissionais que saibam lidar com os seus sintomas e questões. Ter uma boa base de apoio emocional em casa ou entre amigos também ajuda bastante.

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