O dólar encerrou a sessão desta segunda-feira (10) em alta ante o real, renovando o seu maior nível em um ano e meio: em 4 de janeiro de 2023, a moeda americana atingiu a cotação de R$ 5,452. Contudo, o movimento perdeu força à medida em que o preço do petróleo subiu quase 3% na sessão. Ao final da sessão, a moeda americana subia 0,24%, a R$ 5,355. Na máxima da sessão, a moeda americana chegou a ser cotada a R$ 5,388.
O petróleo WTI - referência americana - com entrega prevista para julho subiu 2,93%, a US$ 77,74 por barril. Já o Brent - referência global - para agosto avançou 2,52%, a US$ 81,63 por barril.
Elson Gusmão, diretor de câmbio da corretora Ourominas, aponta que o risco fiscal brasileiro e anseios sobre a nova composição do Banco Central no ano que vem tem colaborado para a valorização do dólar ante o real. "A moeda americana só não valoriza mais porque o preço do petróleo e minério de ferro voltaram a se recuperar nos últimos dias. Como grande exportador desses produtos, a alta dos preços aumenta os fluxos de dólar para o Brasil".
Mais cedo, Campos Neto disse que a política fiscal é sempre uma fonte de preocupação e que, quando o governo mudou a meta fiscal recentemente, criou alguma incerteza no mercado. Ele ressaltou que a questão é debater como tratar do fato de que “precisamos” mostrar a investidores no longo prazo que “podemos ter uma trajetória sustentável da dívida”. Na sexta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, provocou ruídos no mercado de que poderia mexer no arcabouço fiscal do país, o que foi desmentido posteriormente.
Para piorar, na sexta-feira, os dados do relatório oficial de empregos do país (payroll) e a atual aposta majoritária de apenas um corte dos juros nos EUA este ano aumentaram ainda mais a força do dólar contra as moedas de países desenvolvidos e emergentes, aponta o especialista. Um ranking da gestora WHG aponta que o Brasil é o país mais vulnerável ao juros mais altos por mais tempo nos EUA.
Segundo relatório do Bank of America (BofA), as condições do mercado de trabalho permanecem apertadas e qualquer ciclo de cortes realizado pelo banco central americano precisará manter uma postura restritiva para trazer o mercado de trabalho para um melhor equilíbrio. Em outras palavras, os cortes de taxas devem ser graduais.
Na quarta-feira (12), será divulgada a decisão de juros dos Estados Unidos. O mercado espera uma manutenção da taxa de juros em 5,25% e 5,50% ao ano, mas fica atento aos sinais do comunicado e das falas de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Na última semana, o Banco Central Europeu (BCE) fez seu primeiro corte nos juros desde 2019, o que pode “animar” outras economias a seguirem pelo mesmo caminho em breve.
Na última sexta-feira (7), o dólar avançou firme contra o real após fala do ministro da Fazenda Fernando Haddad reviver temores fiscais e a criação de vagas de emprego nos Estados Unidos, divulgadas pelo relatório payroll, avançar mais do que o esperado em maio. No final da sessão a moeda americana subiu 1,29%, a R$ 5,323.