O Supremo Tribunal Federal (STF) defendeu que não há, neste momento, um "estado de coisas inconstitucional" na política ambiental brasileira, em especial em relação ao desmatamento da Amazônia.
O termo jurídico é usado quando se reconhece que há uma situação de violação generalizada de direitos fundamentais que afeta um grande número de pessoas. Por maioria, o plenário afastou esse entendimento e apontou estar em curso um processo de "reconstitucionalização" em relação à proteção ambiental. O placar foi 8 a 3.
As ações fazem parte da chamada "pauta verde" e chegaram à Corte ainda durante o governo Jair Bolsonaro (PL), com a acusação de que estava ocorrendo um desmonte das políticas públicas da área.
Os ministros votaram no sentido de obrigar o governo a continuar tomando providências para reduzir o desmatamento na Amazônia Legal e determinaram a abertura de crédito extraordinário no exercício financeiro de 2024 para assegurar o prosseguimento das ações.
De maneira geral, eles apontaram que, com a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência, houve uma mudança de postura em relação ao tema e o governo passou efetivamente a adotar medidas para reverter esse quadro.
Em seu voto, o ministro Alexandre de Moraes lembrou que a atual ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, é "uma das pessoas com a maior credibilidade internacional na área".
"Entendo que a situação ainda não se resolveu, mas não poderia dizer que a atual situação é de um 'estado de coisas inconstitucional'. As medidas podem ser insuficientes, e podem ser complementadas, mas estão sendo realizadas", disse.
A relatora, Cármen Lúcia, ficou vencida, ao defender que, apesar dos esforços, ainda ocorria a violação massiva de direitos fundamentais. O seu entendimento foi seguido pelos ministros Edson Fachin e Luiz Fux.
Para o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, no momento em que a ministra proferiu o seu voto, em abril de 2022, havia de fato esse quadro, mas isso mudou. "No último ano, porém, houve uma clara mudança na postura em relação à questão ambiental", afirmou.
Para ele, o Brasil, com todas as suas características, deve se preparar para assumir um papel de liderança global na área ambiental.
![Extração ilegal de madeira na Amazônia — Foto: Cb Estevam / CComSEx](https://cdn.statically.io/img/s2-valor.glbimg.com/Gey_arRAVgeMLNhsK_mrqiFXtzw=/0x0:3000x1997/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2021/F/M/EWVCQGSCW62EJBz8RJ7w/92495723-porto-20velho-20-20ro-2011-05-2020-20-20opera-c3-a7-c3-a3o-20verde-20brasil-20apreens-c3-a3o-20de-20madeira-20madereira-20pira.jpg)