O Pantanal está em chamas e, diante dessa situação alarmante, as organizações WWF-Brasil, SOS Pantanal, EJF - Environmental Justice Foundation e Chalana Esperança emitiram nota técnica na qual ressaltam a urgência de uma legislação federal específica e robusta para a proteção da região.
O texto aponta que modelos preditivos do Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA/UFRJ) indicam uma probabilidade de mais de 80% de perda de uma área superior a dois milhões de hectares para o fogo este ano.
Também destaca áreas que necessitam de atenção específica, como a Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai (BAP), fundamental para a preservação do regime hídrico e a segurança jurídica dos povos tradicionais locais, e as necessidades de fortalecimento das brigadas de incêndios e de criação de mecanismos legislativos que determinem uma avaliação integrada de impactos ambientais.
Ainda segundo as organizações socioambientais, a preservação e a recuperação do bioma também devem ser asseguradas por meio da implantação de novas unidades de conservação, incremento das gestões das unidades existentes, restauração ecológica de cabeceiras e promoção de cadeias produtivas sustentáveis baseadas na sociobiodiversidade.
Junto a isso, salientam que é imprescindível o apoio às comunidades tradicionais e povos indígenas, com garantia dos direitos territoriais e valorização das práticas tradicionais e sustentáveis.
“Reforçamos a importância de uma abordagem integrada e focada na preservação ambiental para garantir a sobrevivência do Pantanal e das comunidades que dependem dele”, disseram as entidades em comunicado de imprensa. E elas “conclamam os parlamentares brasileiros a redigir, votar e aprovar uma legislação que proteja e recupere o Pantanal, atendendo também às demandas globais de proteção do clima e da biodiversidade”.
Pantanal não teve período de cheias
O número de focos de incêndio no Pantanal subiu 1.297% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano anterior. A área queimada já é o dobro do registrado no mesmo período de 2020.
Um estudo recente do WWF-Brasil aponta que, este ano, o bioma não teve período de cheia, fenômeno crucial para o sistema e a sobrevivência de fauna, flora e populações dependentes das águas da região.
“O que nos preocupa é que de agora em diante o Pantanal tende a secar ainda mais até outubro. Nesse cenário, é preciso reforçar todos os alertas para a necessidade urgente de medidas de prevenção e adaptação à seca e para a possibilidade de grandes incêndios”, declarou Helga Correa, especialista em conservação do WWF-Brasil.
Soluções propostas para o Pantanal no estudo:
- Soluções baseadas na natureza (como restauração florestal, por exemplo)
- Ações de prevenção e adaptação a eventos extremos, principalmente às secas e ao calor
- Mapear causadores de impactos aos rios, considerando região de cabeceiras
- Fortalecer e ampliar políticas públicas para frear o desmatamento.
- Restaurar áreas de proteção nas cabeceiras, para melhorar a infiltração da água
- Apoiar boas práticas da comunidade, proprietários e do setor produtivo