A partir de 30 de dezembro, a União Europeia, por meio da lei antidesmatamento, exigirá que empresas estrangeiras que exportam soja, carne bovina, café, óleo de palma e outros produtos para os países do bloco forneçam provas de que a sua cadeia de abastecimento não contribui para a destruição das florestas.
Segundo a Reuters, os Estados Unidos pediam um adiamento desse prazo. Em carta enviada à UE, Katherine Tai, representante comercial dos EUA; Thomas Vilsack, secretário da Agricultura, e Gina Raimondo, secretária do Comércio, disseram que as novas regras representam "desafios críticos" para os produtores norte-americanos.
“Instamos, portanto, a Comissão Europeia a adiar a implementação deste regulamento e as subsequentes sanções de execução até que estes desafios substanciais tenham sido resolvidos”, diz o documento, datado de 30 de maio.
Um porta-voz da Comissão Europeia disse na quinta-feira (20) que recebeu o pedido e responderá no devido tempo. “Mantemos a situação sob constante revisão e estamos trabalhando arduamente para garantir que todas as condições sejam cumpridas para uma implementação harmoniosa da lei”, enfatizou.
A agência pontua que, até agora, Bruxelas tem resistido aos apelos para o adiamento do prazo. Do lado dos países que serão afetados, muitos produtores de soja e óleo de palma, incluindo do Brasil, da Indonésia e da Malásia, são contrários aos requisitos da legislação. Eles alegam que a UE está impondo barreiras comerciais e custos adicionais.
Um estudo recente mapeou a rede de produção de seis commodities agropecuárias do Brasil avaliou quais delas estão em melhores condições de entrar em conformidade com os atuais moldes da nova legislação. O café se destacou como o produto mais propenso a atender às exigências, enquanto a carne bovina ficou na pior posição. O trabalho, realizado pelo Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS), no Rio de Janeiro, foi publicado nesta semana no periódico acadêmico Ecological Economics. A pesquisa avaliou ainda soja, dendê, madeira e cacau.
Rejeição dentro de casa
Em março, em meio aos protestos de produtos rurais que dominaram a Europa, 20 países membros da União Europeia, incluindo França, Itália, Polônia e Suécia apoiaram um apelo da Áustria para que a Comissão Europeia reduza a aplicação ou suspenda parte da nova lei antidesmatamento do bloco. A alegação é que a sua adoção prejudicará os agricultores.
A normativa, além de restringir a importação de itens como carne bovina, soja, café e óleo de palma associados ao desmatamento em países fora da UE, impõe restrições aos produtores rurais europeus, que serão proibidos de exportar produtos cultivados em áreas florestais desmatadas ou degradadas.