A construção civil não era algo totalmente desconhecido para Abda Pereira, 27 anos, de Carambeí (PR). Afinal, seu pai, Luiz Carlos, é pedreiro e, por essa razão, a profissão sempre foi, literalmente, familiar para ela. “Mas nunca me imaginei atuando na área, apesar de admirar o trabalho do meu pai”, diz Abda.
A oportunidade de ingressar no novo caminho profissional surgiu por acaso. Ela era diarista na casa da mãe de uma funcionária do Centro de Referência de Assistência Social (Cras). Esse órgão, ligado à prefeitura, estava à procura de mulheres para participar do projeto Obras Plurais, promovido pela Ambev, e a filha da ex-patroa a indicou para concorrer a uma das vagas.
O objetivo do Obras Plurais é capacitar mulheres como pedreiras e pintoras para aumentar a participação feminina no mercado da construção civil. Em parceria com a Brasil ao Cubo, empresa responsável pela construção da nova fábrica da Ambev no município paranaense, o projeto recrutou e contratou mulheres para atuar nessa planta. Foram mais de 40 candidatas e 25 selecionadas.
Abda Pereira foi uma delas. “Tinha bastante gente no processo seletivo e senti até um frio na barriga. Mas coloquei na cabeça que tinha de vencer o medo. Valeu a pena, porque fui uma das primeiras na lista das escolhidas”, conta.
Os olhos de Abda Pereira brilham quando ela conta sobre o que aprendeu no curso, que durou quase dois meses. “Havia atividades mais difíceis, como aprender a fazer medições de uma área, e outras mais fáceis, como preparar argamassa. Não é tudo igual, não! Para usar na parede é uma mistura, para o piso, outra. E tem as quantidades certas de ingredientes, como areia, cimento, água e pedra, e o ponto da massa, que nem quando a gente faz um bolo”, explica.
Com a mão na massa
É nesse estágio que Abda está. Logo que concluiu o curso, foi contratada para trabalhar na obra da Ambev, na parte onde vai funcionar a fábrica de vidros – embalagens para envasar as bebidas. “Estamos fazendo o piso, na fase em que precisamos preencher frestas com concreto”, conta ela, que relata, ainda, como é emocionante fazer parte da construção de algo.
A pedreira está muito satisfeita com a nova profissão e com todas as perspectivas que vêm por aí. Abda, que frequentou as aulas até o 8º ano, pensa em voltar para a escola e concluir os estudos. “Meu plano é, quem sabe, até fazer faculdade de engenharia civil no futuro. Quero me especializar cada vez mais na área da construção”, diz.
Um dos fatores que podem ter contribuído para ela se identificar tanto com a profissão – além da convivência com o pai – foi o fato de o clima no trabalho ser saudável e receptivo. Ao contrário do que muita gente pensa, embora esse seja um ambiente, em geral, bem masculino, ali, especificamente, não há machismo nem qualquer outro problema. Segundo Abda, os colegas respeitam as profissionais e até as ajudam caso percebam que elas estão com alguma dificuldade.
Um outro ponto que a motiva a seguir em frente é o fato de a renda ter melhorado: Abda diz que hoje ganha mais do que o dobro de quando era diarista. E também porque deseja que seus quatro filhos – Estefany, 12 anos, Lucielle, 9, Luís, 4, e Estêvão, 2 – sintam orgulho da mãe. “Quero que eles vejam do que eu sou capaz, que sou guerreira e vencedora, e que a mulher pode estar onde quiser.” Abda Pereira é mãe solo, cuida das crianças, da casa; agora tem uma nova profissão e uma porção de planos. Motivos para se orgulharem não faltam.
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A inclusão produtiva é um compromisso da Ambev. Com iniciativas estruturadas em conhecimento, empoderamento financeiro e conexões, a companhia tem a ambição de incluir produtivamente 5 milhões de pessoas até 2032. “Apostamos nas potências brasileiras, cada uma a sua maneira, para gerar oportunidades de trabalho e renda, e diminuir os níveis de pobreza”, afirma Carlos Pignatari, diretor de impacto social da Ambev.