OMM confirma ciclone Freddy, que devastou partes da África em 2023, como o mais longo já registrado

Chris Velden, que integra o comitê sobre ciclones tropicais/satélites da Universidade de Wisconsin, dos Estados Unidos, o descreveu como um ciclone tropical notável, não apenas por sua longevidade, mas também pela capacidade de sobreviver a múltiplas interações terrestres. Ele ressaltou que esse fato trouxe consequências significativas para as populações do sudeste africano.

Em comunicado, a OMM informou que o seu Arquivo de Clima e Extremos Climáticos será atualizado para refletir o novo registro. Os dados deste arquivo incluem temperaturas mais altas e mais baixas do mundo, precipitação, granizo mais forte, período seco mais longo, rajada máxima de vento, relâmpago mais longo e mortalidades relacionadas ao clima. Esse acervo “é usado por historiadores do clima e, cada vez mais, por formuladores de políticas”.

Randall Cerveny, relator sobre clima e extremos climáticos da organização, observou que que no futuro poderão ocorrer eventos extremos ainda mais longos. Segundo ele, quando tais observações forem feitas, novos comitês de avaliação da OMM serão formados para julgá-las.

O Freddy foi nomeado em 6 de fevereiro na costa da Austrália e se dissipou 36 dias depois no Malauí. O ciclone foi o primeiro em 23 anos a cruzar todo o sul do Oceano Índico. Ele atingiu o Sul da África duas vezes em momentos diferentes e gerou uma energia acumulada equivalente à de quase 3 mil bombas de Hiroshima.

Em Madagascar, ele deslocou pelo menos 226 mil pessoas e fez 11 vítimas fatais. E, em Moçambique, afetou ao menos 1,7 milhão de pessoas, deixando 10 mortos.