Folha de S. Paulo


Alheio a cr�ticas, Trump insiste em plano para barrar mu�ulmanos

A revolta causada por sua proposta de vetar a entrada de mu�ulmanos nos EUA n�o alterou a ret�rica de Donald Trump. Em entrevistas a programas matinais da TV americana nesta ter�a (8), o bilion�rio pr�-candidato republicano � Casa Branca bateu boca com apresentadores e n�o voltou a atr�s.

Afirmando que os EUA est�o "em guerra com o isl� radical", o empres�rio repetiu a proposta e a comparou � decis�o do presidente Franklin Delano Roosevelt durante a Segunda Guerra Mundial, que levou � deten��o de cidad�os de pa�ses inimigos, como Jap�o, Alemanha e It�lia.

"O que estou fazendo n�o � diferente do FDR", disse Trump � rede ABC. "Se voc� olhar o que ele fez, foi muito pior, e ele � um dos presidentes mais respeitados, batizaram estradas com o nome dele!".

Especialista em fazer declara��es bomb�sticas contra imigrantes, Trump inflamou ainda mais seu discurso ap�s o ataque a tiros na semana passada cometido por um casal de mu�ulmanos, que deixou 14 mortos em um centro comunit�rio da Calif�rnia. Em comunicado divulgado na segunda (7), o empres�rio prop�s que o pa�s barre a entrada de mu�ulmanos at� que as autoridades "possam entender o que est� acontecendo".

Na v�spera, o presidente americano, Barack Obama, havia feito um pronunciamento em que delineou sua estrat�gia contra o terrorismo, mas pediu toler�ncia para evitar uma onda de islamofobia no pa�s.

Randall Hill - 24.nov.2015/Reuters
U.S. Republican presidential candidate Donald Trump speaks to supporters at an event at the Myrtle Beach Convention Center in Myrtle Beach, South Carolina, November 24, 2015. REUTERS/Randall Hill ORG XMIT: RH22
Donald Trump durante com�cio na Carolina do Sul

O plano de Trump recebeu uma avalanche de cr�ticas de todos os lados, acusando o magnata de racismo e de aumentar a sensa��o de inseguran�a no pa�s.

FOGO AMIGO

Trump tamb�m n�o foi poupado por seu pr�prio partido. O ex-governador da Fl�rida Jeb Bush, rival do empres�rio na corrida presidencial republicana, chamou Trump de "desequilibrado". Outro pr�-candidato republicano, John Kasich, disse que a proposta do bilion�rio � parte do "ultrajante divisionismo que caracteriza cada respiro seu".

Em editorial, o jornal "The New York Times" afirmou que o empres�rio demonstrou que "n�o h� nada que ele n�o far� o dir� para semear o �dio".

Mostrando-se indiferente �s cr�ticas, Trump voltou logo cedo ao ataque, em entrevistas a v�rios programas matinais de TV. Ele minimizou o rep�dio dos outros pr�-candidatos republicanos.

"Eles condenam praticamente tudo o que eu digo e depois passam para o meu lado", afirmou, acrescentando que o endurecimento da ret�rica anti-imigra��o dos rivais mostra que eles est�o seguindo seus passos. "Os que n�o est�o do meu lado t�m perto de zero nas pesquisas".

RADICAIS

Confrontado por perguntas incisivas e a alega��o de que seu discurso era fascista, Trump retornou fogo, elevando o tom da ret�rica. Afirmou que haver� outros atentados como o 11 de Setembro caso o pa�s n�o se mantenha vigilante e disse que � preciso ter medo n�o de sua ret�rica, mas "do outro lado", em refer�ncia ao isl� radical.

"Eles querem derrubar nossos edif�cios, que nossas cidades sejam esmagadas", disse, intensificando o discurso do medo. "Eles est�o vivendo dentro do nosso pa�s". Irritado porque o empres�rio falava sem parar e n�o o deixava fazer perguntas, Joe Scarborough, da MSNBC, retaliou e interrompeu o programa, chamando os comerciais.

Na CNN, Trump insinuou que o governo do presidente Obama est� dando prioridade aos pedidos de asilo de refugiados s�rios mu�ulmanos. "Por que n�o estamos deixando os crist�os entrar? Se voc� � um crist�o s�rio, � quase imposs�vel entrar", disse, sem citar dados para embasar a afirma��o. "Suponho que Obama tenha estabelecido uma pol�tica, ou algo assim".


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