Maria Clara Spinelli, 48 anos de idade, chega ao fim da novela Elas por Elas satisfeita com o trabalho. A atual versão trama, assinada por Thereza Fonseca e Alessandro Marson, foi baseada na original de Cassiano Gabus Mendes, exibida em 1982, e chega ao fim nesta sexta-feira (12).
Na original, Renée se chamava Carmen e era interpretada por Maria Helena Dias. "Desta vez, a René nasceu transgênero, isso já torna ela bem diferente da versão anterior. Na década de 1980, a personagem não trabalhava para fora e era apenas dona de casa", diz.
Premiada pelo filme Quanto Dura o Amor? (2009) e destaque no elenco da novela A Força do Querer (Globo, 2017), a atriz considera que o mercado audiovisual tem valorizado a diversidade. "A novela fala da inclusão das pessoas trans no protagonismo, mas estamos colocando a personagem Renée entre seis mulheres maravilhosas e diversas", afirma Maria Clara, protagonista da trama ao lado de Deborah Secco, Isabel Teixeira, Karine Telles, Késia, Mariana Santos e Thalita Carauta.
Desde que a novela estreou, no ano passado, a artista tem reparado que é sempre identificada como "a primeira atriz trans protagonista de novela". Ela gostaria, no entanto, que o termo caísse em desuso. "Como atriz, acho que a gente devia rever esse conceito de atriz trans. Quando os dois termos ficam juntos, é criado um terceiro termo. Isso me diminui em relação às outras atrizes. Podemos tentar me olhar como uma atriz e não uma atriz trans. Sei que a imprensa fala isso até como forma de enaltecer, mas não é algo que me define. Tenho uma carreira de quase 20 anos como atriz."
Feliz com a repercussão do trabalho, Maria Clara avalia que o saldo é positivo. "Faço uma personagem que está inserida na sociedade junto com outras mulheres brancas e negras. Ela é uma mãe de família, uma amiga, uma trabalhadora. Não é marginalizada, não veio do gueto. É amada pela mãe, pelo marido. A personagem trouxe uma nova narrativa de transgêneros. Ela não é uma vítima, é mais uma de Elas por Elas"