• Raquel Pinheiro (@raquelpinheiroloureiro)
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Nany People (Foto: Reprodução/Instagram)

Nany People (Foto: Reprodução/Instagram)

Aos 55 anos, Nany People não tem paciência para o tribunal da internet. Depois de revelar que pediu empréstimo para pagar as contas na pandemia de coronavírus e rebater quem a criticou, a atriz e humorista perdeu de vez a calma com quem não só julga o que não sabe, no caso, sua vida, como desconhece a realidade de boa parte da classe artística. “Acham que artista não passa necessidade”, diz ela, que, como muitos colegas, viu a situação financeira deteriorar rapidamente durante a quarentena.

Nany, que começou a trabalhar aos 12 anos, explica que sempre procurou ter uma reserva financeira para cerca de dois meses. Mas “a vida parou no dia 14 de março e continuou parada”. “Meu apartamento é quitado, meu carro é próprio. Mas pago apartamento e creche de uma sobrinha, faculdade de outra, carteira de motorista. Tenho muitos amigos que foram para a casa da mamãe (na pademia), mas eu sou a mamãe”, conta.

Nany People (Foto: Paulo Belote/TV Globo)

Nany People (Foto: Paulo Belote/TV Globo)

“Minha reserva se acabou depois de dois meses. Aí pedi empréstimo no banco, como já fiz várias vezes na minha vida para produzir meus espetáculos”, diz Nany. Ela se surpreendeu com a velocidade que a notícia se espalhou e a repercussão que gerou. “Até amiga minha com câncer no Nordeste se ofereceu para ajudar pagando contas”, lembra.

A atriz pegou dois empréstimos, cujo valor não revela. O primeiro, com taxas mais altas. Já o segundo, com juros mais baixos, ela usou para pagar boa parte do anterior e está usando o restante para as contas que chegam. O dinheiro, conta Nany, ajudará ela a se manter até março de 2021, quando espera que a situação tenha melhorado.

Entre a contratação dos empréstimos e o fato vir a público, apareceu, como a atriz diz, “uma primeira luz no fim do túnel”. Ela recebeu um convite de Bruno Astuto para fazer entrevistas nas redes sociais do Shopping Cidade Jardim, em São Paulo, e também para lives monetizadas com patrocíncio de empresas. “Deus foi tão bom que apareceram as lives”, assume Nany, que ficou furiosa com as críticas que recebeu por recorrer ao banco.

Nany People interpreta Marcos Paulo em O Sétimo Guardião (Foto: Globo/Estevam Avellar)

Nany People interpreta Marcos Paulo em O Sétimo Guardião (Foto: Globo/Estevam Avellar)

“Seu eu peguei empréstimo para usar é sinal que tenho um CPF incrível. Nunca dependi de ninguém, nunca tive um cheque devolvido, nunca tive nome protestado. Tanto que fui ao banco e em três horas tinha o dinheiro na minha conta”, avisa Nany. “Mas os haters se acharam no direito de julgar. Muitos famosos recorreram ao auxílio emergencial do governo e foram execrados na internet como se famoso não precisasse comer”, desabafa ela, ressaltando que não pensou em entrar com o pedido do auxílio por não se enquadrar nas exigências. “Não só não me encaixava como só meu condomínio é R$ 1,5 mil; o auxílio não resolveria (os problemas)”, diz.

Ela não poupa críticas aos haters. “Internet é terra de ninguém e deu voz ativa a um monte de gente boçal, que ia passar a vida sem ter nada dizer. Essas pessoas têm ódio e falam coisas das quais não sabem porque têm o poder de expressão (proprocionado pela internet)”, analisa. “Pensam que artista anda de limousine e toma banho de champagne, imagina”, desabafa.

Nany conta que nos últimos meses recebeu vários pedidos de socorro de amigos e colegas de profissão. “Sempre ajudei muita gente, o universo retribiu. Mandei umas 20 cestas básicas, mandei até dinheiro para um técnico muito querido de um filme que eu fiz que estava sem dinheiro para nada”, revela. “Sem contar as ações; por exemplo, agora mesmo me pediram um vídeo para ajudar maquiadores do cinema do Rio”, diz.

Nany People (Foto: Thiago Duran/AgNews)

Nany People (Foto: Thiago Duran/AgNews)

Os últimos trabalhos de Nany na televisão foram na novela O Sétimo Guardião, em 2018, e no Popstar, em 2018. Ela tinha sido escalada para uma nova trama, mas conta que o projeto acabou suspenso devido à pandemia. Aos poucos, outras oportunidades têm surgido, como uma participação no programa de Rodrigo Faro e um convite para ser embaixadora de uma feira de cosméticos virtuais. Ela também vai gravar um monólogo, Tsunami, com o qual já esteve em cartaz.

“Me ligavam perguntando o que estava fazendo no começo da quarentena. Eu tinha um espetáculo, Belle Époque, que ia estrear em São Paulo, mas não tinha nada a dizer. Nunca tive outro rendimento, sempre fiz teatro, TV. Falava 'estou coçando o suvaco até virar o umbigo’”, diz Nany, que não pensa em abrir um canal no YouTube ou virar produtora de conteúdo na web quando a vida voltar ao “normal”. “Sou de uma geração que não tem essa aptidão para a internet”, assume, rindo.

Nany People (Foto: Marcos Guimarães / Designorama)

Nany People (Foto: Marcos Guimarães / Designorama)