• Redação Marie Claire
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Chef de cozinha (Foto: Reprodução / Getty Images)

Chef de cozinha (Foto: Reprodução / Getty Images)

Falta de reconhecimento, visibilidade, formação, crédito e aceitação estão entre as principais dificuldades enfrentadas pelas mulheres brasileiras no mercado da gastronomia. A constatação é da primeira pesquisa nacional que ouviu durante o mês de agosto deste ano mil pessoas responsáveis por estabelecimentos de alimentação.

Realizada pela Ipsos, centro de pesquisa e de inteligência de mercado, a pedido de Stella Artois aponta que 5 em cada 10 mulheres concordam que a cozinha doméstica é vista pela sociedade como um trabalho de mulher e que 36% das entrevistadas concordam que muitas chefs já sofreram assédio moral e/ou sexual ou foram expostas a situações constrangedoras na cozinha.

O estudo, feito em quatro blocos regionais do Brasil: Norte e Centro-Oeste (Belém, Brasília e Goiânia), Nordeste (Recife e Salvador), Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte) e Sul (Curitiba e Porto Alegre), foi dividido em duas etapas: na primeira fase, foram entrevistados 500 homens e mulheres responsáveis por estabelecimentos de alimentação.

Enquanto na segunda foram entrevistadas apenas mulheres, também 500, que trabalham na área da gastronomia, em cargos diversos como proprietárias ou sócias, chefs e sous-chefs, cozinheiras e cozinheiras-chefe, auxiliares de cozinha, garçonetes, atendentes e operadoras de caixa. 

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A pesquisa mostra ainda que 46% concordam que a maioria dos chefs renomados são homens, porque eles têm mais oportunidades de trabalho; a presença feminina é menor em estabelecimentos maiores, mostrando que elas ainda não têm o reconhecimento que merecem na cozinha profissional.

Ainda no campo da visibilidade e reconhecimento, o estudo aponta que um terço das participantes acredita que as mulheres não conseguem crescer na gastronomia porque não são ouvidas pelos chefes homens. Cerca de três em cada dez profissionais mulheres na gastronomia também já sofreram discriminação de gênero ou pensaram em mudar de profissão por falta de oportunidade.

O levantamento está em linha com outros dados: elas lideram 96% das cozinhas domésticas no Brasil (PNAD, 2019), mas apenas 7% das cozinhas profissionais nos restaurantes mais renomados do país (Chefs Pencil, 2022). 

Da esquerda para a direita, de cima para baixo: as chefs Andressa Cabral, Bel Coelho, Bruna Martins, Bela Gil, Kátia Barbosa e Cafira Foz (Foto: Fernanda Tricoli)

Da esquerda para a direita, de cima para baixo: as chefs Andressa Cabral, Bel Coelho, Bruna Martins, Bela Gil, Kátia Barbosa e Cafira Foz (Foto: Fernanda Tricoli)

Juntas na Mesa

Para dar mais visibilidade às mulheres na gastronomia, a Stella Artois anunciou nesta semana que vai investir R$ 10 milhões nos três pilares mapeados na pesquisa para promover a equidade de gênero na gastronomia, aumentando o protagonismo das mulheres e fomentando o empreendedorismo feminino.

"Fizemos a pesquisa para conhecer a fundo as dores e desafios dessas mulheres no mercado da gastronomia e vamos atuar para propor uma mudança a essa realidade por meio de investimentos em visibilidade, formação e crédito para as mulheres que atuam nesse segmento. Nossa iniciativa é uma plataforma de transformação social de longo prazo, visando deixar um legado positivo na vida de milhares de mulheres, por muitas gerações”, destaca a diretora de marketing de Stella Artois, Mariana Porto. 

A cerveja da Ambev ainda criou uma experiência gastronômica chamada Uncomfortable Food, na qual os desconfortos vividos pelas mulheres na profissão são traduzidos em um menu autoral assinado por chefs renomadas: Bela Gil, Kátia Barbosa, Andressa Cabral, Bel Coelho, Cafira Foz, Bruna Martins, Kalymaracaya Nogueira, Amanda Vasconcelos, Michele Crispim e Nara Amaral. Com duração de um mês, cada estabelecimento terá uma data de início do novo prato no menu - para mais informações, basta consultar o site do projeto.

Da esquerda para a direita, de cima para baixo: as chefs Kalymaracaya Nogueira, Michele Crispim, Amanda Vasconcelos e Nara Amaral (Foto: António Rodrigues)

Da esquerda para a direita, de cima para baixo: as chefs Kalymaracaya Nogueira, Michele Crispim, Amanda Vasconcelos e Nara Amaral (Foto: António Rodrigues)

A pesquisa mostrou que muitas profissionais que trabalham na gastronomia no Brasil sonham em ter o próprio negócio, mas encontram dificuldade na obtenção de crédito: cerca de uma em cada três mulheres afirma que empreender no setor custa mais caro em comparação aos homens. Pensando nisso, em parceria com o BEES Bank, fintech da Ambev que oferece soluções digitais para facilitar a vida financeira e potencializar a gestão de PMEs, Stella Artois vai trazer uma oferta de crédito para apoiar até 1.000 mulheres empreendedoras do setor.

Quando o assunto é formação, quase metade das mulheres (45%) busca por algum tipo de profissionalização. Para apoiá-las nessa frente, a empresa se uniu à ONG Gastromotiva, organização que trabalha o alimento como uma ferramenta de transformação social, para criar um programa para atender até mil mulheres desenvolvendo suas habilidades socioemocionais que irão prepará-las para sua inclusão no mercado da gastronomia. 

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