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Vera Fischer  (Foto: Reprodução / Instagram )

A atriz Vera Fischer em sua casa, no Rio (Foto: Reprodução / Instagram )

Das novelas que marcaram os anos 2000, certamente O Clone se tornou uma das mais icônicas tanto por tratar de um tema em alta na época de sua estreia, em 2001, a possibilidade de clonar seres humanos, quanto por retratar com personagens inesquecíveis a riqueza da cultura árabe. “Essa novela fala de um mundo de conto de fadas. As histórias árabes são maravilhosas, com muitas canções, festas, flores, as mulheres muito enfeitadas”, diz Vera Fischer à Marie Claire. A atriz, que integrava o elenco da trama, compartilha com o público a ansiedade pela reprise do folhetim, que estreia na próxima segunda (4), no Vale a Pena Ver de Novo, após ter sido exibida em mais de 90 países.

Em O Clone, Vera interpretava a divertida Yvete, personagem pela qual guarda um grande carinho, feita por ela um ano após ter vivido a dramática protagonista de Laços de Família (2000). Na entrevista, a atriz fala ainda dos bastidores da trama - que envolveram viagens ao Marrocos - diz querer rever a trama e estar curiosa pelos comentários do público. Ela garante não ser autocrítica com os trabalhos do passado e aponta a relevância de exibir O Clone. “O planeta todo precisa falar sobre a condição das mulheres. Imposições inaceitáveis e fora do tempo ainda estão acontecendo. Não podemos ignorar os absurdos que vemos todos os dias”, defende ela. Confira aqui os principais trechos da conversa.

MARIE CLAIRE Está animada com a exibição de O Clone?
VERA FISCHER 
Estou super feliz! A reexibição na Globo, e à tarde, vai ser ótima porque O Clone é uma novela que fala sobre milhões de assuntos diferentes e não tem fronteiras, de cultura ou idioma. Ela é sucesso em vários lugares do mundo. Eu amo a novela e as pessoas nunca pararam de falar sobre ela.

MC: A que você atribui esse sucesso?
VS:
Essa novela fala de um mundo de um conto de fadas. As histórias árabes são maravilhosas, com muitas canções, festas, flores, as mulheres muito enfeitadas. É claro que toda essa coisa linda e lúdica não pode nos cegar, né? O planeta todo precisa falar sobre a condição da mulher no mundo árabe ainda hoje. Imposições inaceitáveis e fora do tempo ainda estão acontecendo. Não podemos ignorar os absurdos que vemos todos os dias desde antes daquele tempo. Passou da hora, gente! Mas a novela vai além disso. Ela explora muito a cultura árabe, que eu acho deslumbrante. É um universo lírico, festivo e colorido. Mas os personagens brasileiros também são incríveis e tudo se mistura de maneira muito harmônica.

Vera Fischer em cena da novela O Clone, de 2001 (Foto: divulgação / Globo )

Vera Fischer em cena da novela "O Clone", de 2001 (Foto: Divulgação / Globo )

MC: Você pretende assistir novamente à trama?
VS:
Pretendo rever sim. Se bem que eu gravava as novelas, então, tenho tudo guardado em DVD, posso ver quando quiser. Mas vou assistir porque é interessante ler nos jornais, na internet, ver nas redes sociais a opinião das pessoas após o capítulo ser exibido. Vou me emocionar de novo, rir de novo com a Yvete, porque é uma personagem impagável. Me diverti muito nas gravações dessa novela. Até então, eu só tinha feito uma personagem engraçada, que era a Cidinha, de Perigosas Peruas (1992). Mas a Yvete era mais divertida, meio maluquinha, e já com idade. Eu acho que não tem como a novela não continuar fazendo sucesso.

MC: Você é muito autocrítica ao rever um trabalho antigo?
VS:
Sou autocrítica em relação a muitas coisas. Lembro da Yvete, de todas as cenas e não tenho crítica nenhuma a fazer. Acho que fiz tudo muito bem feito. Gosto muito de como eu, Vera, consegui ser a Yvete. Eu não a censurava, não me interessava se ela estava certa ou errada, aliás, não costumo fazer isso porque a gente tem que acreditar sempre na personagem.

Vera Fischer  (Foto: Reprodução / Instagram )

Vera Fischer (Foto: Reprodução / Instagram )


MC: O que mais te marcou no processo de construção da Yvete?
VS:
A personagem foi construída à medida em que as coisas iam acontecendo. Eu tinha feito, anteriormente, na novela Laços de Família, uma personagem forte, trágica, dramática e, então, veio O Clone e ganhei um papel alegre, livre, ingênuo e até um pouco sem noção [risos]. Eu amei fazer porque acho que tenho esse lado ingênuo, meio bobão, que aflorou durante as gravações. A Yvete chega chegando, fazendo o que tem vontade, do jeito que eu gosto. Eu acho que a importância da Yvete nessa novela é a de ser engraçada e apaixonada ao mesmo tempo, contrapondo o drama das outras personagens. Isso me deu chance de botar para fora essa coisa de não ter culpa, de ser alegre, de querer ser feliz. Eu tirei de dentro de mim a Vera menina, adolescente. A Vera de hoje ainda é um pouco assim também.

MC: Você guarda alguma recordação da novela? Alguma peça do figurino da personagem ou objeto comprado no Marrocos, por exemplo?
VS:
Eu comprei muita coisa no Marrocos. Milhões de colares, aqueles que depois viraram moda, além de caftãs e djellabas. Agora eu sou menos consumista, mas naquela época eu era mais. E chegando no Marrocos, não tem como não querer comprar aquelas coisas maravilhosas, que tem uma apresentação fantástica, de milhares de anos de história.

Vera Fischer  (Foto: Reprodução / Instagram )

Vera Fischer em sua casa, no Rio (Foto: Reprodução / Instagram )

MC: Quais as lembranças da viagem ao Marrocos?
VS:
As melhores possíveis. Além da experiência incrível com a equipe técnica e o elenco, sou apaixonada por muitas coisas da cultura árabe, como as cores, os espaços, monumentos, movimentos, sons... Acho tudo lindo! Nos dias de folga, visitávamos as medinas, num contato com uma cultura rica e diversa.

MC: O público ainda fala desse trabalho com você? Como são essas abordagens?
VS:
Sempre e com uma abordagem muito boa. Muita gente ama a Yvete. Ela é muito diferente, cabeça de vento, apaixonada e passional. Na Rússia, particularmente, Yvete fez um sucesso absurdo e eu fico louca para visitar a Rússia e sentir mais de perto a reação das pessoas. Saber o que elas têm para falar.

MC: De que forma O Clone impactou sua trajetória profissional?
VS:
Eu tenho 50 anos de carreira e minha trajetória é construída a partir de muita dedicação e estudo. Cada uma das minhas personagens têm sua parcela nessa construção. Vou fazer 70 anos agora e comemoro com um projeto maravilhoso, em que o grande público conhecerá uma Vera que atua, pinta, escreve, desenha joias, cuida da beleza, canta, dirige filmes trash e conduz a concepção de sua biografia.

Vera Fischer com Reginaldo Faria em cena da novela O Clone, de 2001 (Foto: divulgação / Globo )

Vera Fischer com Reginaldo Faria em cena da novela O Clone, de 2001 (Foto: Divulgação / Globo )

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