• Redação Marie Claire
  • Do home office
Atualizado em
Carla Diaz (Foto: Vinícius Mochizuki / Divulgação)

Carla Diaz (Foto: Vinícius Mochizuki / Divulgação)

“Eu lembro como se fosse hoje, tinha 12 anos quando aconteceu, foi uma repercussão nacional imensa, só dava isso nos jornais e na televisão, e eu ficava me perguntando por que uma filha faria algo assim com os próprios pais”, diz Carla Diaz à Marie Claire. Ela refere-se ao crime cometido por Suzane von Richthofen em 2002, quando a jovem planejou o assassinato dos pais, Manfred e Marisia von Richthofen. Eles foram executado em outubro daquele ano pelo namorado da filha, Daniel Cravinhos, e o irmão dele, Cristian.

A história teve ampla cobertura da mídia e passou a fazer parte do imaginário dos brasileiros. Agora, é revisitada em dois filmes que recriam o crime e vão além dele, retratando o relacionamento de Suzane e Daniel e os dias que antecederam o duplo assassinato.

No papel principal está Carla Diaz, conhecida pelo público por papéis doces em Chiquititas (1998) e O Clone (2001)  - as maiores ousadias de sua carreira foram nos últimos anos, vivendo a espevitada Carine em A Força do Querer (2017) e sendo confinada no Big Brother Brasil 21. A atriz recria Suzane sob duas perspectivas diferentes em dois filmes: A Menina que Matou os Pais e O Menino que Matou Meus Pais, baseados nas contradições dos depoimentos dos envolvidos, ambos disponíveis no serviço de streaming Amazon Prime Video a partir de sexta (24).

“O projeto todo é um grande desafio. A gente sabia da responsabilidade que teríamos em contar um caso real, se tratando de um crime, provavelmente o mais falado e estarrecedor do Brasil, que até hoje é muito comentado. Pela primeira vez em 29 anos de carreira estou interpretando uma personagem que é real, e parte de um caso tão chocante quanto esse.”

Carla não teve nenhum contato com Suzane, condenada a 40 anos de prisão e cumprindo pena em São Paulo, e nenhum dos envolvidos no crime tem participação na produção (ou nos lucros dela). Para se transformar na então jovem paulistana de classe média alta de 19 anos na época, a atriz mergulhou nos registros do processo e em reportagens sobre o caso.

Carla Diaz vive Suzane von Richthofen no cinema (Foto: Stella Carvalho / Divulgação)

Carla Diaz vive Suzane von Richthofen no cinema (Foto: Stella Carvalho / Divulgação)

“Rodamos os dois filmes em 33 dias. A preparação e concentração foram essenciais”, ela resume. Em março, Mauricio Eça, diretor dos longas, conversou com Marie Claire e revelou que Carla era tão focada que durante as filmagens parecia possuída. “Cada um tem um processo de construção de personagem e de execução. Normalmente me concentro muito no set e não costumo levar o personagem para casa", diz a atriz. "Precisa saber o momento de concentração e ter o momento de pausa porque é um trabalho que exige muito fisicamente e mentalmente”.

Ainda que o envolvimento com os personagens tenha sido intenso, Carla diz que não buscou empatia por Suzane. “Empatia é uma definição delicada quando tratamos de um crime, mas a gente teve que se distanciar do nosso julgamento pessoal para poder interpretar com veracidade, e esse processo é intenso.”

Pensando no público, Carla acredita que a intenção dos filmes é provocar reflexão sobre o crime e o que existe além dele. “Acho que o papel dos filmes é contar essa história e causar uma reflexão sobre o porquê acontecem coisas assim. A arte vem para questionar e tem a liberdade de falar sobre qualquer tema. É importante podermos abordar qualquer assunto”.

Carla Diaz e Leonardo Bittencourt no set do filme A Menina Que Matou Os Pais (Foto: Stella Carvalho / Divulgação)

Carla Diaz e Leonardo Bittencourt no set do filme A Menina Que Matou Os Pais (Foto: Stella Carvalho / Divulgação)