Um Só Planeta

Por Redação Galileu

Uma pesquisa publicada no último dia 15 de março na revista Nature Climate Change revela que existe uma “impressão digital” humana nos efeitos das mudanças climáticas oceânicas. Segundo o estudo, há indícios de que somos capazes de alterar a Amplitude do Ciclo Sazonal das Temperaturas da Superfície do Mar (SSTAC, na sigla em inglês).

A análise foi feita pelo Instituto Oceanográfico Woods Hole (WHOI) — organização privada dedicada à pesquisa marinha e centro de educação superior de Massachusetts, nos Estados Unidos. “Essa é uma evidência inovadora de que existe um sinal de mudança climática causada por humanos nas temperaturas dos oceanos, associada ao aumento de CO2”, afirma o coautor Benjamin Santer, cientista adjunto do Departamento de Oceanografia Física do WHOI, em comunicado.

De acordo com o artigo, os padrões geográficos de mudanças na amplitude do ciclo sazonal das temperaturas marinhas revelam duas características distintas: uma delas é um aumento nas mudanças de profundidade em camadas mistas do oceano, nas latitudes médias do Hemisfério Norte; a outra é um padrão dipolo robusto entre 40°S e 55°S, que é principalmente impulsionado pelas mudanças do vento na superfície.

“As evidências que encontramos são muito claras. Nossa pesquisa é baseada em quatro conjuntos de dados observacionais diferentes sobre a temperatura da superfície do mar”, revela o coautor principal Jia-Rui Shi.

“Analisamos dados de vários sistemas de monitoramento, incluindo registros de satélite e medições oceânicas que a WHOI vem coletando de navios e flutuadores desde 1950. Todos esses dados forneceram a mesma história e a mesma conclusão: que o sinal causado pela humanidade no SSTAC é muito forte e tem um padrão muito distinto”, acrescenta.

As simulações conduzidas revelam que o principal motor das mudanças na SSTAC são os gases do efeito estufa — com contribuições menores e distintas proveniente de aerossóis, do ozônio e da ação antropogênica.

A pesquisa foi motivada por trabalhos anteriores realizados por Santer, que trabalha com impressões climáticas digitais há mais de 30 anos. Estudos realizados anteriormente usaram registros de satélite para identificar impressões digitais dos humanos nas modificações do ciclo sazonal da temperatura média-alta da troposfera.

No entanto, essa é a primeira pesquisa de impressões digitais que revela padrões de alterações climáticas nas temperaturas sazonais da superfície do mar. “Grande parte da resposta é que as atividades humanas aqueceram gradualmente os oceanos do mundo. A comunidade científica tem se concentrado nas alterações da temperatura média anual dos oceanos. Este artigo mostra que também é extremamente importante realizar impressões digitais com mudanças sazonais”, disse Santer.

Efeitos concretos

Os pesquisadores no artigo afirmaram que o ciclo sazonal da temperatura da superfície do mar está mudando. O aquecimento é maior no verão do que no inverno. Logo, tanto no Hemisfério Norte como no Sul, as camadas mistas de profundidade do oceano estão se tornando mais finas, o que pode aumentar as temperaturas na estação mais quente.

De acordo com a pesquisa, o aquecimento no Hemisfério Norte é mais extremo, associado a bacias oceânicas menores. No Sul, as mudanças da temperatura da superfície do mar são, em grande parte, impulsionadas pelos padrões de mudança do vento ocasionados pelo aquecimento atmosférico. “Esta pesquisa refuta as afirmações de que as mudanças recentes de temperatura são naturais, seja devido ao Sol ou a ciclos internos do sistema climático”, afirma Santer.

"Uma explicação natural é impossível em termos do que estamos observando aqui: mudanças nas temperaturas sazonais do oceano. Esta investigação descarta ainda a afirmação de que não precisamos tratar seriamente as alterações climáticas porque são naturais”, acrescenta o pesquisador.

Em 2023, a comunidade científica ficou preocupada com o índice de calor da parte superior do oceano, que foi o mais alto já registrado. Cerca de 90% do excesso de calor da Terra, resultante do aquecimento global, é absorvido pelo oceano — que desempenha uma atribuição importante na regulação dos sistemas climáticos planetários.

O oceano absorve 25% do dióxido de carbono (CO2) produzido pela queima de combustíveis fósseis. Entretanto, o potencial marinho de absorver CO2 depende da temperatura. Conforme as águas esquentam, essa capacidade diminui.

“À medida que os oceanos absorvem dióxido de carbono, cria-se uma acidificação amplamente divulgada que pode impactar negativamente os organismos marinhos. Se começarmos a alterar o pH do oceano, corremos o risco de afetar a integridade estrutural dos organismos na base da cadeia alimentar”, alerta Shi.

Um Só Paneta — Foto: Divulgação
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