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Pela primeira vez em duas décadas, há mais autocracias fechadas do que democracias liberais no mundo, aponta um relatório sobre democracia publicado pelo Instituto Variedades da Democracia (Instituto V-Dem), da Universidade de Gotemburgo, na Suécia. Segundo o levantamento um declínio democrático ocorreu globalmente e um número crescente de pessoas vive em autocracias fechadas.
"O nível de democracia desfrutado pelo cidadão médio do mundo em 2022 voltou aos níveis de 1986. Isso significa que 72% da população mundial, 5,7 bilhões de pessoas, vivem sob regime autoritário", resume Staffan I. Lindberg, diretor do V -Instituto Dem.
A pesquisa ainda destaca que o número de países no mundo que atualmente estão enfrentando reveses democráticos, ou autocratização, aumentou mais nos últimos dez anos; passando de 13 para 42 países entre 2002–2022. Este é o número mais alto medido pelo V-Dem até o momento.
Entre as regiões que sofreram um declínio democrático mais dramático estão a região do Pacífico, Europa Oriental, Ásia Central e América Latina e Caribe. O estudo ainda destaca que 28% da população mundial, 2,2 bilhões de pessoas, vivem agora em autocracias fechadas, em comparação com 13%, 1 bilhão de pessoas, que vivem em democracias liberais.
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Em comunicado para a imprensa, o instituto de pesquisa explica que, geralmente, os países experimentam a autocratização quando movimentos políticos autoritários ganham influência direta sobre a política governamental e passam a desmantelar instituições democráticas, tais quais a mídia livre, organizações da sociedade civil e o sistema judiciário. Uma vez que esse processe se inicia, na grande maioria dos casos, testemunhamos ao desmantelamento da democracia.
Por outro lado, os pesquisadores destacam que o relatório também traz esperança ao destacar que alguns países conseguiram retornar após longos períodos de desmantelamento democrático. Entre eles, Bolívia, Moldávia, Equador, Maldivas, Macedônia do Norte, Eslovênia, Coréia do Sul e Zâmbia conseguiram reverter sua evolução autocrática.
"O fato de oito democracias que estavam em um período de autocratização terem interrompido esse processo e 'se recuperado' é uma notícia animadora para a democracia. São países que provocaram uma mobilização pró-democracia, restabeleceram um sistema judicial objetivo, depuseram líderes autoritários, introduziram eleições livres e justas, trabalharam para reduzir a corrupção e rejuvenesceram a sociedade civil. É raro ver países que conseguem fazer uma inversão. ", diz Staffan I. Lindberg .
