Em 104 páginas de papiro, o códice Crosby-Schoyen relata o início da difusão do Cristianismo. De autoria de um escriba e datado de 1,7 mil anos atrás, é um dos textos mais antigos do mundo. Hoje, o documento está em leilão e espera-se que ele seja vendido por uma cifra entre US$ 2,6 milhões e US$ 3,8 milhões em junho, segundo a empresa de arte Christie's, sediada em Londres, na Inglaterra.
Escritos em copta, idioma egípcio no alfabeto grego usado principalmente por cristãos, os textos estão preservados em folhas guardadas individualmente em painéis de acrílico. Feito ao longo de 40 anos, o manuscrito contém textos completos de dois livros da Bíblia.
"Os primeiros monges no Alto Egito, no primeiro mosteiro cristão, estavam usando esse mesmo livro para celebrar as primeiras comemorações da Páscoa, apenas algumas centenas de anos depois de Cristo e apenas cerca de cem anos depois que o último Evangelho foi escrito", disse Eugenio Donadoni, especialista sênior em livros e manuscritos da Christie's em Londres, à CNN, dos EUA.
O livro faz parte da coleção Schøyen, que inclui outros documentos que são patrimônio mundial e estarão à venda, como a Bíblia Hebraica de Holkham e a Bíblia de Geraardsbergen. Além disso, a coleção apresenta obras da literatura grega, obras-primas humanistas, um livro que foi propriedade de um santo, a antiga lei inglesa, uma crônica escocesa de importância histórica e a mais antiga encadernação conhecida.
Antes de ser adquirido pelo colecionador de manuscritos norueguês Martin Schøyen, em 1988, o códice, descoberto em 1950, fazia parte de uma coleção de escritos cristãos antigos, manuscritos bíblicos e obras pagãs encontradas no Egito chamada Bodmer Papyri, do colecionador suíço Martin Bodmer.
Nos primeiros séculos d.C., popularizou-se o códice nos escritos egípcios, isto é, pilhas de páginas encadernadas que, aos poucos, foram substituindo os rolos de papiro. Acredita-que que o Códice Crosby-Schøyen tenha sobrevivido devido ao clima árido do Egito, uma vez que há poucos textos dos séculos 3 e 4 que resistiram ao tempo.
"Todas as principais descobertas de manuscritos cristãos que tivemos no século 20 e no final do século 19 estão concentradas no Egito devido a essas condições climáticas muito precisas", relatou Donadoni à agência de notícias Reuters.