Leonardo da Vinci, o pintor de "Mona Lisa", nasceu no vilarejo italiano de Anchiano, mas era de origem "meio italiana", de acordo com uma nova teoria revelada nesta terça-feira (14). Acontece que a mãe do artista seria do Cáucaso, e teria sido sequestrada quando adolescente, sendo enviada à Itália e submetida ao trabalho forçado.
Alguns estudiosos sugeriram anteriormente que a mulher que deu à luz o gênio era uma camponesa; outros, que ela era órfã; e há quem sugerisse que se tratava de uma jovem vinda do Oriente Médio ou do Norte da África que teria sido escravizada. Mas agora Carlo Vecce, um estudioso italiano da vida e obra de da Vinci, analisou documentos de quase 600 anos que revelam uma história diferente.
De acordo com o historiador, evidências coletadas por ele mostram que a mãe do artista, Caterina, era uma jovem circassiana arrancada da região do norte do Cáucaso, que hoje faz parte do sul da Rússia, perto da costa do Mar Negro.
O pesquisador relatou a descoberta em um romance histórico chamado “Il Sorriso di Caterina” (“O sorriso de Caterina”). O livro contém detalhes da pesquisa, que ainda não foi publicada em um periódico revisado por pares.
![Mãe de Leonardo Da Vinci teria sido sequestrada e escravizada na juventude Mãe de Leonardo Da Vinci teria sido sequestrada e escravizada na juventude](https://cdn.statically.io/img/s04.video.glbimg.com/x240/11959611.jpg)
Mãe de Leonardo Da Vinci teria sido sequestrada e escravizada na juventude
Pista chave
Um dos principais documentos, até então desconhecidos, que Vecce afirma ter encontrado nos Arquivos do Estado em Florença, na Itália, é um ato de libertação de uma mulher chamada Caterina que havia sido escravizada. Sua senhora, Monna Ginevra, era esposa de um “aventureiro florentino” que da região do Mar Negro.
O texto foi escrito por Piero da Vinci, pai de Leonardo, e datado de 2 de novembro de 1452, quando o futuro polímata teria só 6 meses de idade. Um ano antes, em 1451, Caterina conheceu Piero depois de ser comprada por um cavaleiro florentino para trabalhar como ama de leite.
![Possível casa de infância de Leonardo no município de Vinci no vilarejo de Anchiano — Foto: Wikimedia Commons](https://cdn.statically.io/img/s2-galileu.glbimg.com/3iVas9GksMwfLe43CxEuF9rbsH8=/0x0:1200x761/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2023/i/Q/lPx2rDTxmCAgEhA9GiNA/vinci-casa-leonardo.jpg)
“Quando vi aquele documento, não pude acreditar no que via”, disse Vecce, ao site NBC News. “Nunca dei muito crédito à teoria de que ela era uma mulher escravizada do exterior. Então, passei meses tentando provar que a Caterina naquele ato notarial não era a mãe do Leonardo, mas, no final, todos os documentos que encontrei foram nesse sentido, e me rendi às provas.”
Segundo explica Vecce, na época, muitas mulheres submetidas ao trabalho forçado se chamavam Caterina, mas este foi o único ato de libertação com este nome que o pai de Leonardo escreveu em toda a sua longa carreira.
“Além disso, o documento está cheio de pequenos erros e omissões, sinal de que talvez ele estivesse nervoso quando o redigiu, porque engravidar alguém que fosse escravizado por outra pessoa era crime”, acrescenta.
Conforme o site Live Science, Vecce detalhou em coletiva de imprensa na terça (14) que a mãe de Leonardo foi retirada de sua casa nas montanhas do Cáucaso, vendida e revendida várias vezes em Constantinopla, depois em Veneza, antes de finalmente chegar a Florença, onde conheceu um jovem tabelião, que seria o pai do gênio renascentista.
"O tabelião que libertou Caterina era a mesma pessoa que a amava quando ela ainda era escravizada e com quem teve este filho", disse o pesquisador.