Descoberto ciclo de 36 milhões de anos que impulsiona biodiversidade

Pesquisa sugere que movimentos tectônicos estimulam mudanças no nível das águas, o que possibilitaria a formação de ambientes aquáticos propensos ao surgimento de novas espécies

Por Redação Galileu


A biodiversidade marinha foi fortemente afetada pela subida e descida dos oceanos Pexels

Um novo estudo sugere que, a cada 36 milhões de anos, são formados ambientes que podem tanto favorecer prosperidade para algumas espécies marinhas quanto causar a morte de outras. Supostamente, esses ciclos naturais de biodiversidade remontam a, pelo menos, 250 milhões de anos atrás.

Para chegar a essa conclusão, os cientistas compararam dados compilados sobre variações do nível do mar, de movimentos tectônicos (observados a partir do software GPlates) e registros fósseis marinhos. Os resultados foram publicados na revista Proceedings of the National Academy of Sciences nesta segunda-feira (10).

“O ciclo de 36 milhões de anos marca alterações entre a expansão mais rápida e lenta do fundo do mar, levando a mudanças cíclicas de profundidade no oceano”, explica Dietmar Müller, coautor da pesquisa, em comunicado à imprensa. “As consequências disso são as possíveis inundações ou secagens dos continentes”.

A descoberta serve como evidência de que os ciclos tectônicos e a mudança global do nível do mar impulsionados pela dinâmica da Terra desempenharam um papel crucial na formação da biodiversidade marinha. O recorte temporal de 36 milhões de anos é consequência dos padrões regulares de reciclagem das placas no manto convectivo.

Localizada em Queensland, na Austrália, a Formação Winton é apontada pela pesquisa como um exemplo de como as mudanças no nível do mar moldaram os ecossistemas e influenciaram a biodiversidade. A região é conhecida por sua extensa coleção de fósseis de dinossauros e opalas preciosas.

À medida que o nível do mar subia e descia, a inundação na Oceania criava recessos ecológicos em expansão e contração em mares rasos, proporcionando habitats únicos para uma ampla gama de espécies.

Acredita-se que a paisagem da Austrália foi transformada pela presença de criaturas fascinantes ao longo de sua história. “Esta pesquisa desafia ideias anteriores sobre por que as espécies mudaram por longos períodos”, conclui Müller. O estudo de regiões como a Formação Winton oferece janelas valiosas para se entender mais sobre a vida antiga na Terra.

Um Só Planeta — Foto: Um Só Planeta
Mais recente Próxima Como 'ajudar' animais selvagens que parecem deslocados pode ser prejudicial

Leia mais