Cientistas criam diamante em 15 minutos com técnica revolucionária

Método simula processo natural de produção; novos diamantes ainda são muito pequenos para serem usados como joias

Por Redação Galileu


Os diamantes produzidos com o novo método são principalmente puros, mas são muito pequenos para serem usados como joias Unsplash /Tahlia Doyle

Uma nova técnica permite sintetizar diamantes em apenas 15 minutos, sob pressão atmosférica normal e sem uma gema inicial. Esse método cria essas pedras preciosas em tamanho pequeno e pode simplificar e acelerar a produção delas em laboratório, revolucionando sua fabricação.

A técnica foi explicada em estudo publicado em 24 de abril na revista Nature.

Os pesquisadores usaram pressões e temperaturas extremas para converter o carbono dissolvido em metais líquidos, como ferro, a um diamante ao redor de uma pequena semente — um diamante inicial. O processo de produção de pequenas gemas pode durar entre uma e duas semanas.

No entanto, as condições extremas são difíceis de serem mantidas e limitam o tamanho dos diamantes a cerca de um centímetro cúbico. O método de deposição química de vapor elimina a necessidade de altas pressões, mas ainda requer sementes.

Diamantes naturais se formam no manto da Terra sob pressões de vários gigapascais e temperaturas acima de 1.500 ºC. Condições semelhantes são usadas pela técnica de crescimento por alta pressão e alta temperatura — sigla HPHT em inglês — que sintetiza 99% dos diamantes artificiais.

Os cientistas criaram diamantes cultivados em laboratório em temperaturas e pressões ambientes em apenas 15 minutos — Foto: Institute for Basic Science

"Por mais de uma década, tenho pensado em novas maneiras de cultivar diamantes, pois acreditava que seria possível conseguir isso de maneiras inesperadas (para o pensamento 'convencional')", disse Rodney Ruoff, químico do Instituto de Ciências Básicas da Coreia do Sul e líder do estudo, em entrevista ao site Live Science.

Processo de criação do diamante

Os pesquisadores usaram gálio aquecido eletricamente com um pouco de silício em um cadinho de grafite. O gálio foi escolhido porque estudos anteriores mostraram que ele pode catalisar a formação de grafeno a partir do metano. O grafeno, como o diamante, é composto de carbono puro, mas em uma estrutura de camada única, diferente da orientação tetraédrica (ligação em quatro átomos) da pedra preciosa.

Em seguida, colocaram o cadinho em uma câmara caseira mantida à pressão atmosférica ao nível do mar, onde gás metano superquente e rico em carbono podia ser liberado. Uma estrutura projetada pelo coautor Won Kyung Seong, do Instituto de Ciências Básicas da Coreia do Sul. A câmara de nove litros podia ser preparada para experimentação em apenas 15 minutos, permitindo testes rápidos com diferentes concentrações de metais e gases.

Ao realizarem modificações no projeto inicial, eles descobriram que uma mistura de gálio-níquel-ferro, com uma pequena quantidade de silício, era ideal para catalisar o crescimento de diamantes. Com essa composição, foi possível obter diamantes da base do cadinho no tempo estabelecido.

Em duas horas e meia, formou-se um filme de diamante mais completo. Esse resultado foi analisado de maneira espectroscópica, que se mostrou puro, mas continha alguns átomos de silício.

Estrutura projetada pelo coautor Won Kyung Seong, do Instituto de Ciências Básicas em funcionamento — Foto: Nature

Segundo o estudo, ainda não se sabe bem o que aconteceu nos processos químicos para chegaram a esse resultado. Acredita-se que pode ter ocorrido uma queda de temperatura, fazendo com que o carbono do metano tenha se movido em direção ao centro do cadinho, onde se transforma em diamante.

A presença de silício é essencial para a formação dos diamantes. No entanto, os diamantes cultivados com essa técnica são muito pequenos para serem usados como joias. "Em cerca de um ou dois anos, o mundo pode ter uma imagem mais clara de coisas como o possível impacto comercial", afirma o professor.

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