Fóssil encontrado na China preserva camada de penas de ave do Cretáceo

Ao avaliarem cinco fósseis da espécie pré-histórica "Sapeornis chaoyangensis", cientistas ficaram surpresos com exemplar que revela tecidos moles

Por Redação Galileu


Um dos muitos espécimes encontrados em Jehol Biota, na China Frontiers

Pesquisadores analisaram cinco fósseis com penas da ave Sapeornis chaoyangensis, do início do Cretáceo, encontrados no sítio de Jehol Biota, na China. Assim, estudaram como o ambiente em que foram enterrados mudou a preservação dos tecidos moles.

Os resultados foram publicados nesta terça-feira (17) no periódico Frontiers in Earth Science. Cinco espécimes da espécie de ave com penas preservadas de forma diferente foram selecionadas dos arquivos do Museu Shandong Tianyu de História Natural e combinados com amostras de sedimentos.

Todos os exemplares estavam fossilizados com todas as articulações ainda conectadas, mas a preservação dos tecidos moles variava. Entre os fósseis, um deles, chamado de O STM 15-36 foi o destaque, pois preservou uma camada completa de penas com detalhes surpreendentes.

O local de Jehol Biota, aliás, é famoso por fósseis que preservam esses tecidos, como pele, órgãos, penas e peles. Esses achados oferecem informações raras sobre a evolução de características como o voo, mas precisam ser interpretados de modo cuidadoso para diferenciar entre o tecido em vida e como a decomposição pode tê-lo afetado.

Penas dos membros anteriores de espécimes de S.chaoyangensis apresentam diferentes preservações — Foto: Yan Zhao et.al

A equipe analisou os sedimentos para determinar que tipo de material orgânico as aves estavam cercadas quando foram enterradas e como os sedimentos foram depositados. STM 15-36, por exemplo, foi associado com o grão mais grosseiro, bem como com a melhor preservação.

O material orgânico circundante neste fóssil em específico veio principalmente de plantas terrestres, em vez de algas de lago, como no caso dos outros quatro pássaros. Além disso, o clima quando o STM 15-36 foi depositado era mais quente e úmido, e o ambiente em que estava tinha mais baixa oxigenação, o que impediu a decomposição das penas antes de serem fossilizadas.

O soterramento do fóssil foi mais rápido, segundo os cientistas, devido a duas possíveis explicações: atividade vulcânica ou uma forte tempestade, que empurrou os resquícios embora e os enterrou sob outros detritos.

Como fósseis em erupções vulcânicas não costumam ter tecidos moles bem preservados, a segunda explicação é a mais provável. É possível que, nesse caso, a ave tenha sido arrastada pela tempestade até o fundo de um lago, permitindo que sua bela plumagem ficasse preservada milhões de anos depois.

“Esta descoberta fornece um estudo de caso valioso da tafonomia dos vertebrados terrestres de Jehol e da natureza dos ecossistemas mesozoicos”, disse Yan Zhao, do Instituto de Geologia e Paleontologia da Universidade de Linyi, que é primeira autora do estudo, em comunicado.

Zhao contou ainda que aguarda por estudos futuros com foco nas características químicas e na microestrutura das penas. Segundo a especialista, a nova análise expandiria a compreensão sobre como essas aves viviam e morriam.

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