Séries

Por Arthur Almeida, com edição de Nathalie Provoste

Os animais que hoje integram os ecossistemas do planeta não são os mesmos que habitavam essas regiões há milhares de anos. Ao longo da jornada da evolução, os seres vivos passaram por diversas mudanças físicas e comportamentais. Entender os impactos desses processos é justamente o objetivo da nova série documental Histórias Animais.

Com estreia marcada para esta quinta-feira (10), às 22h35, o primeiro de cinco episódios será exibido no canal do Animal Planet e disponibilizado na plataforma do Discovery+. A apresentação fica a cargo de João Paulo Krajewski, que lidera as expedições registradas em vídeo.

Krajewski é biólogo, mestre e doutor em ecologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ele também atua como cinegrafista e carrega em seu currículo produções como A Vida em Cores (Netflix, 2021), Green Planet (BBC, 2022) e Vida no Mar (Animal Planet, 2020), além de ter sido apresentador do quadro “Domingão Aventura” no Domingão do Faustão (TV Globo).

Histórias Animais estreia nesta quinta-feira (10), às 22h35 — Foto: Divulgação/Animal Planet
Histórias Animais estreia nesta quinta-feira (10), às 22h35 — Foto: Divulgação/Animal Planet

Em entrevista a GALILEU, ele relata que a experiência de gravar os episódios de Histórias Animais foi “curiosa”. “Precisei sair da minha zona de conforto. Quando estou por trás das câmeras, meu trabalho é observar a cor, a forma e o comportamento dos bichos. Para a série, precisávamos olhar além do presente e, assim, enxergar nas características atuais o seu passado evolutivo das espécies”.

Segundo ele, as pessoas não costumam olhar para o passado e, por isso, nem sabem que alguns animais existiram. “Saber mais sobre essas espécies e entender os motivos pelos quais elas não estão mais vivas é fundamental para entender a composição da fauna de agora. Ainda existe lacuna muito grande a ser completada”, pontua.

Imersão na natureza

Nessa missão de Histórias Animais, os estudos não poderiam ficar restritos aos livros; foi preciso adentrar os habitats naturais desses animais. Além de explorar os biomas brasileiros das Matas Atlântica e Amazônica, a equipe ainda rodou o globo, tendo como destino regiões savânicas na África e florestas tropicais na Ásia. Isso rendeu à série imagens de tirar o fôlego.

“Sob as lentes propostas pelo documentário, mesmo os locais que eu já havia visitado se tornaram novos territórios a serem explorados”, lembra o biólogo. Porém, ele não fez essa imersão na natureza sozinho: para desvendar o histórico milenar das espécies, Krajewski contou com a ajuda de professores especialistas que enriqueceram ainda mais a sua experiência.

Logo no primeiro episódio, por exemplo, o espeleólogo (especialista em cavernas) Rodrigo Lopes se junta ao apresentador para investigar o interior de uma cavidade em Minas Gerais. Por lá, eles identificam a presença de fósseis e outros registros que comprovam a presença de ancestrais da fauna atual – em especial, dos felinos, que são tema desse capítulo.

Esse grupo de mamíferos, inclusive, não é o único que a série aborda. Krajewski e sua equipe também analisam as mudanças evolutivas físicas e comportamentais de espécies como as aves brasileiras "dançantes", os dragões-de-komodo da Indonésia e até os nossos antepassados primatas, que deram origem tanto aos seres humanos quanto aos macacos, gorilas e chimpanzés modernos.

Desafios de produção

Krajewski aponta que uma grande dificuldade de Histórias Animais foi lidar com conceitos como evolução, extinção e seleção natural, que são amplos e complexos. “Foi um trabalho de etapas. Temos em mente que, provavelmente, quem assistir à produção não terá, necessariamente, um extenso conhecimento de biologia. Assim, a ciência precisava chegar às pessoas por meio das imagens junto ao texto narrado”, explica.

João Paulo Krajewski é biólogo, doutor em ecologia e cinegrafista da vida selvagem — Foto: Divulgação/Animal Planet
João Paulo Krajewski é biólogo, doutor em ecologia e cinegrafista da vida selvagem — Foto: Divulgação/Animal Planet

A estratégia utilizada pela série é associar os animais de hoje aos seus ancestrais já extintos. Para isso, os especialistas apresentam fósseis junto a animações que reconstituem as espécies antigas às quais essas relíquias pertencem. Então, as projeções são colocadas lado a lado com os animais que vivem na Terra agora. Dessa forma, fica mais fácil enxergar as semelhanças entre os seres que existiram no passado com seus descendentes atuais.

“Não quisemos seguir com uma abordagem que fosse direto à teoria. Para entender a seleção natural, você não precisa passar esse conhecimento de maneira tão científica, como se ensina em uma sala de aula; as imagens também têm um poder muito grande no processo de educação. Isso desperta curiosidade e encanto”, defende Krajewski. “Com a série, queremos inspirar as pessoas a olharem para a natureza de uma maneira diferente. Acho que esse é o grande diferencial da nossa produção frente a outros documentários que conheço”.

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