Especialistas identificaram uma espécie de hominídeo desconhecida ao estudarem fósseis de 300 mil anos. Com isso, concluíram que o indivíduo pode ter pertencido a uma terceira linhagem nunca antes registrada pela ciência.
Os resultados da análise foram publicados em 31 de julho no periódico Journal of Human Evolution. A descoberta foi conduzida por paleontólogos da Academia Chinesa de Ciências, em parceira com colegas da Universidade de Xi'an Jiaotong, da Universidade de York, na Inglaterra, e do Centro Nacional de Pesquisa em Evolução Humana (CENIEH), na Espanha.
Segundo o site Phys, a equipe analisou por meio de uma avaliação morfológica e geométrica o maxilar fossilizado, parte do crânio e alguns ossos da perna, descobertos em Hualongdong, no que hoje é parte do leste da China. A mandíbula quase completa junto ao crânio parcial compõem um crânio rotulado como “HLD 6”.
Primeiro, o foco foi a mandíbula, que exibia características singulares, como uma borda inferior triangular e uma curva única — características que lembram tanto humanos modernos quanto hominídeos do Pleistoceno Superior.
Mas um pequeno detalhe — a ausência de queixo — mostrava que o hominídeo encontrado na China estava mais relacionado com espécies antigas. Nos fósseis havia inclusive características que se assemelham a hominídeos do Pleistoceno Médio e, quando tomadas em conjunto, sugerem que o indivíduo mais se assemelhava a uma espécie de Homo erectus.
De acordo com os especialistas, isso indica um híbrido de humano moderno e hominídeo antigo. Tal combinação de características nunca havia sido observada em humanos antigos no leste da Ásia, sugerindo que características encontradas em Homo sapiens começaram a aparecer já 300 mil anos atrás.
Conforme o estudo, o crânio “HLD 6” pertenceu a um hominídeo de 12 a 13 anos de idade, o que levou a equipe a questionar se suas variáveis morfológicas e métricas foram causadas por sua idade juvenil. Para testar essa possibilidade, eles compararam os resultados com espécimes mais jovens de hominídeos fósseis e humanos modernos recentes, concluindo que a juventude do indivíduo não influenciou os resultados.
Uma equipe anterior havia considerado o exemplar o primeiro crânio humano do Pleistoceno Médio encontrado no sudeste da China. Mas o novo estudo evidencia que não se trata de um Homo erectus, nem de um denisovano, mas de um indivíduo que está mais próximo do Homo sapiens — isto é, alguém de uma terceira linhagem humana. “A combinação de características humanas arcaicas e modernas identificadas na mandíbula HLD 6 é inesperada, dada sua idade do final do Pleistoceno Médio”, concluem os pesquisadores.