Cultura

Por Arthur Almeida, com edição de Luiza Monteiro

Exatamente cinco meses depois de seu lançamento, o podcast A Grande Fúria do Mundo ganha uma segunda temporada nesta segunda-feira (14). A produção encabeçada pelo filósofo e educador Mário Sergio Cortella e seu filho, o jornalista Pedro Mota Cortella, já tem dois episódios disponíveis na Amazon Music.

A cada episódio, a dupla traz uma nova discussão sobre temas que dizem respeito a política, cultura e vida em sociedade. Os papos têm tom informal e trazem pontos que refletem tanto a vivência compartilhada entre pai e filho quanto lacunas existentes entre as gerações e seus diferentes modos de pensar.

Essa proposta conquistou um público fiel. Não à toa, em poucas semanas, A Grande Fúria do Mundo tornou-se um dos três podcasts mais ouvidos na Amazon Music, ficou entre as 100 produções mais acessadas no Spotify e foi destacado pela Apple Podcasts.

Já está no ar segunda temporada do podcast A Grande Fúria do Mundo — Foto: Divulgação/Amauri Mauro/Amazon Music
Já está no ar segunda temporada do podcast A Grande Fúria do Mundo — Foto: Divulgação/Amauri Mauro/Amazon Music

“Nossa intenção, obviamente, era fazer com que as discussões chegassem a mais pessoas. Mas, por ser uma atividade que fugia do cotidiano, foi uma agradável surpresa essa escalada tão rápida”, relata Mário Sérgio Cortella a GALILEU.

“No Brasil, os podcast que estão sempre entre os mais ouvidos são programas de entrevistas com várias pessoas. Em A Grande Fúria do Mundo, somos apenas nós dois sempre”, acrescenta Pedro Cortella. “Chegamos à conclusão que são os temas e a possibilidade do encontro que chamaram a atenção do público. As pessoas que nos acompanham compraram a ideia de interagir com os temas”.

Nos bastidores

Durante a primeira temporada, alguns dos assuntos comentados pela dupla foram sobre masculinidade, drogas, positividade, bolhas sociais e religião. A escolha dessas temáticas é feita por Pedro, junto com uma equipe de roteiristas e produtores, durante uma reunião semanal. No brainstorming (sugestão livre de ideias), são levantados assuntos que estão em alta na mídia e as polêmicas nas redes sociais.

“Quando a gente chega para gravar, o meu pai ainda não sabe qual a pauta. Como ele só fica sabendo bem na hora, é sempre muito interessante observar por onde o papo vai se encaminhar”, explica Pedro. Segundo ele, apesar das gravações contarem com um roteiro para guiar o andamento das discussões, muitas vezes, os diálogos são imprevisíveis e chegam a locais que não haviam sido previstos inicialmente.

“Eu gosto bastante desse formato, pois ele me permite fazer um movimento interno que sai da minha rotina em que tudo já está planejado e, assim, mobilizar uma parte da ‘grande fúria’ dentro de mim”, aponta Cortella.

Em uma palestra publicada em seu canal no YouTube, o autor indica que a expressão que dá nome ao projeto, referência à música Pais e Filhos, da banda Legião Urbana, pode ser entendida como uma espécie de compromisso de ação frente às adversidades.

Dessa forma, os debates propostos nos episódios seriam uma maneira de agir ao invés de se conformar com os problemas que podem ser encontrados na sociedade atual. Para isso chegar ao público, os apresentadores tentam encontrar um equilíbrio entre os fatos concretos e as reflexões teóricas — uma união harmônica entre a filosofia e o jornalismo.

Nova temporada

O assunto selecionado para a estreia da segunda temporada foi inteligência artificial (IA). Em alta nos últimos meses, sobretudo em decorrência da popularização do ChatGPT, Pedro e Cortella comentam a forma como as tecnologias de automação têm crescido e os possíveis riscos de substituição dos humanos.

Durante a uma hora de episódio, eles exploram os tópicos levantados pelo debate público, apresentam dados e até testam as capacidades da máquina de responder a comandos. Pai e filho verificaram, por exemplo, que o ChatGPT comete erros quando faz referências a alguns teóricos clássicos, e tampouco consegue produzir um texto replicando com precisão a escrita de alguém, a exemplo do próprio Cortella.

Para Pedro, a IA não representa hoje qualquer ameaça aos seres humanos ou à sociedade, podendo ser utilizada como ferramenta de apoio para o trabalho ou outras atividades que podem ser potencializadas pela automatização. “Eu olho com entusiasmo para a IA, porque sempre fui apaixonada por tecnologia. Mas, como jornalista e pai, fico assustado com algumas mudanças que podem vir a acontecer daqui pra frente”, lembra.

“É preciso ter dúvida metódica, colocarmos suspeita, indagarmos e compartilharmos dúvidas”, pondera o filósofo Cortella. “A inteligência artificial chega para nós como aquilo que as empresas apresentam. É necessário buscar aquilo que não é mostrado. As cautelas e as alegrias devem andar em concomitância. Mergulhar sem notar o que há de risco seria algo fora de propósito. A filosofia é exatamente sobre ultrapassar o evidente e ir em direção àquilo que é desconcertante”.

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