Ciência

Por Redação Galileu

Pesquisadores examinaram imagens cerebrais de poliglotas e descobriram que as línguas nativas dos participantes ocupavam um lugar espacial no cérebro deles. Os resultados foram publicados em 19 de janeiro em um artigo de pré-print, ainda a ser revisado por pares, no site bioRxiv.

Para descobrir como o sistema nervoso central processa cinco ou mais idiomas, Ev Fedorenko, neurocientista cognitiva do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos, se uniu a Saima Malik-Moraleda, uma estudante poliglota de pós-graduação da Universidade de Harvard e a uma equipe de outros pesquisadores.

Os cientistas examinaram os cérebros de 25 poliglotas, 16 dos quais eram hiperpoliglotas (falantes de mais de 10 idiomas), incluindo um que falava mais de 50 idiomas diferentes. Para mapear redes de linguagem, eles usaram uma técnica de imagem cerebral chamada ressonância magnética funcional (fMRI), que mede o fluxo sanguíneo no cérebro.

Dentro da máquina fMRI, os poliglotas ouviram uma série de gravações de 16 segundos de um entre oito idiomas diferentes. Cada gravação foi selecionada de um pedaço aleatório da Bíblia ou das Aventuras de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll.

As oito línguas incluíam a nativa de cada participante, três outras que eles aprenderam mais tarde na vida e quatro línguas desconhecidas. Dois dos idiomas desconhecidos estavam intimamente relacionados ao idioma nativo (por exemplo, espanhol para um falante nativo de italiano). Já as outras duas línguas desconhecidas eram de famílias linguísticas não relacionadas.

O resultado foi que as línguas familiares provocaram uma reação mais forte do que as desconhecidas — com exceção das línguas nativas, que provocaram relativamente pouca atividade cerebral. Segundo os cientistas, isso sugere haver algo especial nas línguas que aprendemos no início da vida.

Os pesquisadores descobriram que quando os participantes ouviam qualquer outro dos idiomas senão o nativo, o sangue sempre corria para as mesmas regiões do cérebro. Em vez de usar diferentes partes cerebrais, os voluntários pareciam usar a mesma rede básica dos monolíngues para tentar entender os sons.

Mas a atividade nas redes de linguagem do cérebro variou com base em quão bem os participantes entendiam um idioma. Quanto mais familiar o idioma, maior era a resposta. De acordo com os cientistas, isso pode ter acontecido porque as áreas do cérebro trabalharam horas extras para decifrar os significados com base em semelhanças entre línguas.

A exceção à regra foi quando as pessoas escutaram sua língua nativa. Nesses casos, as redes linguísticas ficaram mais silenciosas. Essa tendência se manteve mesmo quando os participantes eram fluentes nas outras linguagens familiares.

O estudo indica assim que atingir o pico de eficiência cognitiva pode ser mais provável quando se aprende em uma idade jovem. “Quando você se torna especialista em alguma coisa, usa menos recursos”, diz Malik-Moraleda, à revista Science.

Para Fedorenko, estudar o grupo de poliglotas pode ajudar os linguistas a entender a “rede de linguagem” humana, um conjunto de áreas cerebrais especializadas nos lobos frontal e temporal esquerdos. Essas áreas ajudam os humanos no aspecto mais básico da compreensão da linguagem: conectar sons com significados, afirma a pesquisadora.

A especialista quer investigar como os cérebros dos poliglotas funcionam e se eles têm um talento inato ou apenas um interesse ou oportunidade de aprendizado. Ela considera que entender o que é necessário para aprender idiomas pode um dia levar a ferramentas melhores para ajudar pessoas a reaprender a falar com mais facilidade após algum dano cerebral, como um derrame.

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